O vereador paulistano Rubinho Nunes (União Brasil) obteve os 19 apoios necessários para requerer a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra o padre Júlio Lancellotti.
A CPI tem como objetivo investigar violações contra a dignidade humana, especialmente delitos sexuais, assédio e abusos contra pessoas em situação de rua. O parlamentar anunciou o avanço da CPI no púlpito da Câmara Municipal de São Paulo, na tarde desta quarta-feira, 13.
Rubinho Nunes, um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL), afirmou que o pedido para a instauração da comissão já foi protocolado no sistema da Casa.
No momento em que discursou no plenário da Câmara Municipal de São Paulo, na terça-feira, 12, o vereador questionou os parlamentares de esquerda. Conforme sua declaração, apoiar a criação da CPI significa posicionar-se contra crimes como assédio e abuso sexual.
O vereador citou um vídeo analisado pelos peritos Reginaldo e Jacqueline Tirotti. Conforme Oeste noticiou com exclusividade, o trabalho pericial, que contou com 81 páginas, confirmou que o padre Júlio Lancellotti é a pessoa que aparece praticando atos obscenos diante de um menor de idade. As imagens são de fevereiro de 2019. Em 2020, o perito Onias Tavares de Aguiar já havia confirmado a autenticidade do material.
O padre Júlio Lancellotti é um dos alvos
Inicialmente, a CPI estava direcionada às organizações não governamentais (ONGs) que atuam na região da Cracolândia, no centro de São Paulo. Agora, a comissão tem como foco principal, de forma mais específica, o padre Júlio Lancellotti.
O próximo passo consiste em submeter o requerimento à votação no plenário da Casa. Nesta etapa, serão necessários 28 apoios, a maioria absoluta dos vereadores, para aprovar o pedido de urgência.
A natureza emergencial acelera a votação na sessão plenária. A abertura da CPI depende da articulação do presidente da Câmara, Milton Leite (União Brasil).
Das ONGs ao assédio sexual
O texto foi ajustado, conforme o autor do requerimento, com o intuito de obter respaldo jurídico para investigar os alegados crimes sexuais praticados pelo padre Júlio Lancellotti. De acordo com Rubinho Nunes, existem dois relatos “convincentes” contra o padre.
Em fevereiro deste ano, a Arquidiocese de São Paulo divulgou que iniciou uma nova investigação para apurar a conduta do padre, após ter conhecimento de um “presumido novo caso de abuso sexual”.
O sacerdote nega as acusações. Em comunicado, argumentou que “as acusações recentes — assim como aquelas ocorridas no passado — são completamente falsas, inverídicas”.