O almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, recebeu o espeque de colegas que se formaram com ele em 1976 na Escola Naval. Em missiva que circula entre militares, a turma diz que Garnier “enfrenta acusações lançadas ao vento” e dizem “confiar em sua inocência.” O teor da mensagem foi confirmado por dois oficiais.
Em colaboração premiada, o tenente-coronel Mauro Cid disse à PF que, depois a guia nas eleições, o presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniu com os comandantes das Forças para discutir um projeto para não deixar o poder.
Garnier, logo comandante da Marinha, teria bravo o intento e disposto a tropa à disposição. O general Freire Gomes, comandante do Tropa, teria rejeitado a proposta.
“As acusações contra o Almirante Garnier são lançadas aos ventos por estarem baseadas em ponto sob sigilo de Justiça, o que torna impossível comprová-las ou, baseadas em ponto sob sigilo de Justiça, contradizê-las. Pior, os envolvidos são tolhidos de se manifestar pelo mesmo sigilo conferido aos seus depoimentos, enquanto a desinformação grassa solta”, diz o manifesto.
Na missiva de nove parágrafos, os colegas de turma de Garnier dizem caber a eles dar “o testemunho sobre a pessoa por trás do título”. Dizem ainda que não faz sentido supor que o almirante “tenha conseguido enganar a todos”.
“Supor que um almirante-de-esquadra que passou pelo escrutínio de seus pares ao longo de toda a sua curso, tenha conseguido enganar a todos e mudar seu comportamento de forma tão dramática, não faz sentido. Finalmente, pessoas raramente mudam de indumentária, mas se aperfeiçoam em ser o que sempre foram. Queres julgar alguém, mira-te no seu pretérito. Lá a verdade reside.”
Por termo, o grupo escreve: “Por conhecermos o pretérito de Garnier, nós da associação da sua turma de Escola Naval acreditamos na sua inocência, formamos ao seu lado e lhe prestamos continência. É nosso responsabilidade de lealdade a um colega, um irmão, um almirante.” Aliados de Garnier veem uma blindagem a tropa no testemunho de Cid.
Esses militares argumentam que Cid é um tenente-coronel da ativa do Tropa e fruto de um general da suplente. Portanto, na avaliação deles, seria “proveniente” que o ex-ajudante de ordens fizesse uma blindagem à Força à qual pertence.
Pessoas próximas a Garnier alegam que o ex-comandante, embora deixasse simples suas preferências políticas, não discutiu com a cúpula da Marinha uma proposta de golpe.
Um colega disse que o almirante “se expressava de maneira transparente sobre sua opinião, mas isso não deve ser confundido como tentar um golpe”.