A interrupção do processo de desmontagem da plataforma P-32, da Petrobras, trouxe consequências negativas para o Estaleiro Rio Grande do Sul, atualmente em processo de recuperação judicial. O incidente gerou um impasse entre a Petrobras e a compradora da estrutura, Gerdau, sobre quem deve arcar com os custos da limpeza. O entrave está atrasando o andamento do processo.
O motivo da paralisação foi a descoberta de 500 litros de combustível de navegação e água oleosa na embarcação, em janeiro.
As dificuldades no desmonte de plataformas de petróleo impactam diretamente a indústria naval no Brasil. Além de lidar com a recuperação judicial, o Estaleiro Rio Grande, encarregado da obra, enfrenta demissões.
Estaleiro Rio Grande conta com o maior dique seco da América Latina | Foto: Divulgação/Ecovix
Até o momento, 54 dos aproximadamente 200 funcionários contratados para o projeto foram desligados, conforme informou o presidente do sindicato dos metalúrgicos local, Benito de Oliveira, à publicação Folha de S.Paulo.
Impasse entre Petrobras e Gerdau
A descoberta de resíduos de óleo e combustível na P-32 resultou na paralisação dos trabalhos.
A situação da P-32 também está ameaçando o segundo contrato de desmontagem, da plataforma P-33, como mencionado por Oliveira, previsto para iniciar neste mês. “Já estão cogitando transferir a obra para outro estaleiro”, disse o sindicalista.
A Petrobras afirmou que, ao chegar no estaleiro, a embarcação apresentou “um descompasso entre a expectativa da Gerdau e a real condição de limpeza da plataforma, especialmente em relação à presença de resíduos”.
Planos futuros e desafios do setor
A Petrobras planeja licitar 26 unidades até 2027, porém o setor enfrenta desafios desde as investigações contra corrupção da Operação Lava Jato.
A Gerdau pretende utilizar a sucata das plataformas para a fabricação de aço, mas a situação atual está complicando os planos. Outros estaleiros da região também estão enfrentando dificuldades e possíveis demissões.
Há críticas por parte do estaleiro em relação à escassez de encomendas no setor, um dos temas da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Conforme a Folha, Lula acusou a Operação Lava Jato de falir as empresas e se comprometeu a voltar a contratar nos estaleiros brasileiros.
A Petrobras aprovou a encomenda de quatro navios de pequeno porte. Entretanto, o leilão aguarda medidas para garantir que não sejam vencidos por estaleiros estrangeiros.