sexta-feira, 5 julho, 2024
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    Endividamento do Estado chinês chega próximos dos 150% do Produto Interno Bruto

    Na data da última terça-feira, 5, a agência de qualificação de riscos Moody’s fez uma revisão da apreciação acerca do endividamento do Estado chinês, colocando-a em uma situação pessimista.

    A decisão da Moody’s traz à mente a conhecida metáfora do elefante em um local cheio de fina porcelana, mas que é ignorado pelos insensíveis presentes.

    Essencialmente, se a deterioração dos investimentos estrangeiros diretos põe evidencia as complicações da China em suas relações com o mundo, o endividamento do Estado realça as extensas vulnerabilidades internas da segunda maior economia mundial.

    O endividamento do Estado chinês é consideravelmente maior do que suposto

    O endividamento público da China é aparentemente muito maior do que se imaginava.

    Um estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) apontou o método correto para calcular os débitos totais do setor público chinês expandido.

    Esse cálculo abrange o governo central, as autoridades locais e muitas entidades estatais, incluindo organismos “paralelos” — por exemplo, fundos dedicados ao setor da construção civil que o Tesouro apoia implicitamente.

    Essa reconstituição minuciosa permitiu aos economistas que integraram a missão anual do FMI à China, e elaboraram a “Avaliação do Risco Soberano e da Sustentabilidade da Dívida”, contida no Relatório Nacional 23/67 do FMI, estimar o verdadeiro impacto do endividamento do setor público chinês.

    Os dados fiscais divulgados pelas autoridades de Pequim referem-se, em grande parte, ao endividamento do governo central e ao registrado no orçamento das autoridades locais.

    Esse endividamento, conforme a premissa fundamental do FMI, corresponderia a 47% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021 e em 2031 deveria alcançar aproximadamente 69% do PIB. Logo, em um nível distante de gerar qualquer aflição.

    Entretanto, de acordo com os cálculos do FMI, o endividamento chinês “expandido” seria muito superior. Em 2021, teria atingido 101% em relação ao PIB.

    Nos anos subsequentes, impulsionados por déficits primários desproporcionais (12,6% do PIB em 2022, e 12% em 2023), e com a previsão de mais déficits no orçamento (10,6% em 2024, e 9,7% em 2025), deveria ascender para 149,7% em 2027 e depois para 167% em 2031.

    Esses números preocupantes explicam, em parte, por que o governo chinês não possui recursos adequados para financiar programas maciços de estímulo econômico, de forma diversa ao que foi feito diversas vezes no passado para superar crises. Os recursos públicos foram drenados para um abismo oculto da má administração econômica.

    O endividamento público “expandido” chinês estaria sobrecarregado por gastos militares e investimentos em infraestruturas com retornos e benefícios duvidosos. Isso acontece porque a China não possui um estado de bem-estar social desenvolvido, como os países europeus, muito menos um sistema de aposentadorias público.

    FMI revelou questões no panorama econômico chinês

    Os números calculados pelo FMI evidenciam um fenômeno que os anos de crescimento econômico desenfreado mascararam.

    A economia chinesa (não somente o setor imobiliário) é impactada por uma ineficiência crônica, que inevitavelmente afeta as finanças do Estado como um desastre. O governo central acaba sendo obrigado a cobrir os déficits orçamentais.

    No âmago, o planejamento econômico centralizado da China acabou beneficiando volumes (amparados por subsídios frequentemente absurdos), ao invés de um aumento das margens, negligenciando assim, a eficácia — especialmente no setor público.

    Essa questão é analisada em outro relatório do FMI sobre a China (Relatório do FMI n.º 23/81), onde é explorado o desempenho do setor industrial e das empresas públicas.

    O dado mais expressivo é o colapso do produto marginal do capital (a relação entre a variação da produção e a variação do stock de capital), que baixou de 0,3 no período de 2002-2003 para aproximadamente 0,08 em 2020.

    É um sintoma evidente de uma utilização distorcida de recursos e de excesso de capacidade produtiva (que está alimentando a deflação) em setores chave da economia.

    Especialmente no caso das empresas públicas, cuja eficiência caiu de forma significativa desde a crise de 2008-2009.

    China enfrenta baixa produtividade

    Outra confirmação clara desses números vem da produtividade total dos fatores: segundo o FMI, baixou drasticamente de 3,7% na década de 2000 para 1,9% no período de 2010-19.

    Essas são estimativas positivas, uma vez que outras pesquisas indicam que esse indicador estaria já muito próximo de zero.

    Em resumo, as grandes empresas de construção falidas, Country Garden e Evergrande – que recebeu uma nova prorrogação até janeiro para apresentar um plano de reestruturação – são apenas a ponta de um grande iceberg.

    Para alguns economistas, a China atual, dominada por “inflação baixa, crescimento econômico limitado e taxas de juro baixas”, se equipara ao Japão da década de 1990. Mas essa comparação, provavelmente, é equivocada por excesso de otimismo.

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