sexta-feira, 5 julho, 2024
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    Extremista demitido por debochar de sequestrada em Israel era lobista do Irã no Brasil

     

    O vice-presidente do Instituto Brasil-Palestina, Sayid Marcos Tenório – que foi desligado de um cargo comissionado na Câmara dos Deputados após fazer comentários ofensivos sobre uma mulher israelense sequestrada pelo grupo Hamas – atuava como defensor do Irã no Congresso e teria facilitado o acesso de autoridades do país persa a políticos brasileiros.

    O extremista teve, ainda, contato com um sheik em São Paulo suspeito de conexões com o grupo paramilitar Hezbollah, de acordo com a investigação do jornal O Globo publicada nesta segunda-feira (30).

    Até a demissão em 11 de outubro, Tenório ocupava um cargo na Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência da Câmara por indicação do deputado federal Márcio Jerry (PCdoB-MA). O parlamentar dispensou o assessor e considerou “extremamente grave a manifestação”, repudiando os ataques tanto do Hamas como de Israel (veja na íntegra).

    O desligamento ocorreu após comentários ofensivos em uma postagem na rede social X, na qual Sayid zombou de uma mulher israelense sequestrada pelo Hamas. “Isso é marca de merda. Se achou nas calças”, disse. O comentário gerou má repercussão, levando-o a desativar as redes sociais. Ele retornou à internet alguns dias depois com um novo perfil em que retomou ataques a Israel e elogios ao Hamas.

    Conexões com Irã e polêmica com sheik ligado ao Hezbollah

    A conexão de Tenório com o Irã é mencionada por Leonardo Coutinho, autor do livro “Hugo Chávez, O Espectro: Como o presidente venezuelano alimentou o narcotráfico, financiou o terrorismo e promoveu a desordem global” (veja na íntegra). Um dos trechos da obra revela o envolvimento dele no Ministério dos Esportes e na Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.

    “José Marcos Tenório [o extremista tem o nome de José Marcos Tenório, anterior à conversão ao Islamismo], um funcionário com passagem em uma série de órgãos da administração federal e pelo Parlamento. Tenório trabalhou no Ministério dos Esportes, foi chefe de gabinete de uma das seções da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, durante o governo de Dilma Rousseff, e trabalhou para o governo do Distrito Federal”, relata Coutinho no livro ao qual teve acesso a trechos.

    Em 2015, quando estava lotado no gabinete de Wadson Ribeiro (PCdoB), Tenório articulou a criação do Grupo de Amizade Brasil-Irã na Câmara dos Deputados, que estava desativado. Naquele mesmo ano, organizou um encontro entre o embaixador iraniano em Brasília, Mohammad Ali Ghanezadeh, e a presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Jô Moraes (MG), ambos vinculados ao PCdoB.

    “Como embaixador informal do Irã, Tenório abriu caminho para o embaixador oficial acessar os gabinetes do Parlamento e do Poder Executivo”, mostra outro trecho do livro.

    Em 2015, Tenório também reuniu lideranças do PCdoB, incluindo o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), com Bilal Mohsen Wehbe, sheik de uma mesquita em São Paulo com supostas ligações com o Hezbollah. Wehbe está sujeito a sanções dos Estados Unidos desde 2010 e é apontado pelas autoridades americanas como representante do grupo na América do Sul.

    Sayid Tenório alega que a presença de Wehbe no encontro foi uma coincidência e que desconhecia as sanções dos EUA ou qualquer associação do sheik com o Hezbollah. Orlando Silva também sustentou a versão de Tenório, afirmando que Wehbe é apenas um líder religioso.

    Tenório, por sua vez, afirma que sua intenção era promover as relações entre o Brasil e o Irã e que não recebeu nenhum benefício financeiro por suas atividades. Segundo ele, tudo que fez estava dentro das normas legais.

    “Tudo que fiz foi dentro das normas legais, desde o trabalho que exerci na Câmara até minha relação com iranianos e pessoas de outras nacionalidades que eventualmente tenha encontrado. Foram encontros públicos”, disse.

    Além do PCdoB, extremista já assessorou vários parlamentares, de partidos como PT, PP e Solidariedade

    Sayid Tenório ocupou várias posições na Câmara dos Deputados e no governo federal na última década. Consultado os dados de transparência da casa e constatou que ele assessorou seis parlamentares: Márcio Jerry (PCdoB-MA), último a contratá-lo; Gastão Vieira (Pros-MA); Simplício Araújo (Solidariedade-MA); Odair Cunha (PT-MG); Fernando Monteiro (PP-PE) e Mauro Lopes (PP-MG).

    Além desses, no nome anterior à conversão ao Islamismo, há registros nas atividades parlamentares dos deputados Wadson Ribeiro (PCdoB-MG) e Assis Melo (PCdoB-RS).

    Tenório teria, ainda, desempenhado funções no Palácio do Planalto e no Ministério dos Esportes durante o governo de Dilma Rousseff (PT), como aponta o jornalista Leonardo Coutinho em um livro que revelou a rede de influência do líder venezuelano Hugo Chávez, com ramificações no Brasil.

    Ao jornal O Globo, Tenório negou ter feito lobby a partir dos cargos que ocupou e afirmou que a aproximação com líderes iranianos foi motivada pela fé muçulmana xiita.

    Procurado, o PCdoB, último partido com o qual ele teve vínculo parlamentar, e o Palácio do Planalto, e aguarda retorno.

    Veja, clicando nos nomes, as prestações de contas e períodos em que Sayid Marcos Tenório atuou como assessor de cada deputado na última década: Márcio Jerry, Mauro Lopes, Odair Cunha, Simplício Araújo, Gastão Vieira, Fernando Monteiro, Wadson Ribeiro e Assis Melo.

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