quarta-feira, 9 outubro, 2024
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    Governo planeja solicitar entrada no mercado de carne bovina do Japão

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    Mudança energética, preservação da Amazônia, restauro do Cerrado degradado e a entrada do Brasil no rico mercado japonês de carne de boi estão entre os assuntos que serão abordados durante a reunião entre o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta sexta-feira (3), em Brasília.

    O governo brasileiro pretende aproveitar a visita do líder do governo japonês, a primeira desde 2014, para fortalecer os laços políticos, ambientais e econômicos, incluindo a antiga reivindicação para que o Brasil participe do mercado de carne bovina do Japão.

    “O presidente Lula mencionará esse desejo de diversificar as trocas comerciais e eu acredito que um grande objetivo é conseguirmos ingressar no mercado japonês para vender nossa carne bovina e expandir o acesso à carne suína, que, até o momento, apenas Santa Catarina está autorizada [a exportar para o Japão]”, ressaltou o embaixador Eduardo Paes Saboia, secretário de Ásia e Pacífico do Ministério das Relações Exteriores (MRE).

    Segundo o Itamaraty, o Japão importa cerca de 70% da carne bovina que consome, o que equivale a US$ 3 a US$ 4 bilhões anualmente. Desse total, 80% são importados dos Estados Unidos e da Austrália, tradicionais aliados do país asiático. O MRE destaca que, desde 2005, o Brasil tenta, sem êxito, ingressar no mercado japonês de carne bovina.

    “Atualmente, a situação sanitária brasileira é muito superior à de 2005. Inclusive, no que diz respeito ao reconhecimento de regiões livres de febre aftosa sem vacinação. Portanto, essa condição precisa ser reconhecida, já que o Brasil exporta para mais de 90 mercados de carne bovina”, completou o embaixador.

    Etanol

    Outro pleito do Brasil é expandir a presença do etanol brasileiro no Japão. Conforme o embaixador Saboia, o etanol brasileiro possui maior qualidade que o de outros fornecedores do Japão, como os Estados Unidos.

    “Todas as avaliações objetivas e científicas apontam o etanol brasileiro, inclusive o etanol de milho, como mais eficiente do que o de outros fornecedores”, comentou.

    Ainda de acordo com o Itamaraty, o Brasil deve pedir ao Japão que participe dos investimentos na chamada neoindustrialização brasileira, iniciativa do governo federal para aumentar a participação da Indústria na economia, e também no novo PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], programa de infraestrutura que requer investimentos privados.

    O primeiro-ministro Kishida será recebido pelo presidente Lula nesta sexta, às 9h30, no Palácio do Planalto. Ele estará acompanhado por uma comitiva de 35 líderes empresariais japoneses. Em Brasília, estão previstas assinaturas de acordos nas áreas de cibersegurança, ciência e tecnologia, industrial e de cooperação em agricultura e meio ambiente.

    Após o almoço no Itamaraty, o líder do governo do Japão seguirá para o Paraguai. No sábado, Fumio Kishida retornará ao Brasil para uma agenda com empresários e a comunidade japonesa em São Paulo, que contará com a presença do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviço, Geraldo Alckmin.

    Relações históricas

    O Japão é o segundo principal parceiro comercial do Brasil na Ásia, atrás apenas da China, e o 9º principal parceiro comercial do Brasil no mundo. O fluxo comercial entre os dois países totaliza US$ 11,7 bilhões, com superávit brasileiro de US$ 1,4 bilhão. O Japão é o 8º maior investidor estrangeiro no Brasil, com um estoque de cerca de US$ 28,5 bilhões.

    O Brasil exporta, principalmente, ferro, frango, café, alumínio e milho, e importa do Japão, principalmente, produtos manufaturados, como autopeças, compostos químicos, instrumentos de medição e circuitos integrados.

    O Brasil abriga a maior comunidade nipônica fora do Japão, estimada em mais de dois milhões de pessoas. Por outro lado, o Japão acolhe a 5ª maior comunidade brasileira no exterior, com cerca de 221 mil cidadãos.

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