Por um período considerável, cientistas e pesquisadores afirmavam que a vacina contra o HPV, o vírus papiloma humano, protegia exclusivamente as mulheres contra o câncer cervical.
Uma nova pesquisa indica agora que o imunizante também pode prevenir a doença em homens. Obviamente não no útero… Conforme estudo divulgado nesta quinta-feira (23) pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica, rapazes que receberam a vacina têm menores chances de desenvolver câncer na boca ou na garganta em comparação com aqueles que não foram vacinados.
Para chegar a essa constatação, os médicos compararam informações de 3,4 milhões de indivíduos com idades semelhantes – metade vacinada versus metade não vacinada.
Como era de se esperar, as mulheres imunizadas apresentaram menor risco de desenvolver câncer do colo do útero pelo menos cinco anos após terem tomado as vacinas.
Para os homens, também houve vantagens: os vacinados tiveram menos probabilidade de desenvolver qualquer tipo de câncer relacionado ao HPV, como no ânus, pênis, boca ou garganta.
Trabalho de longa duração
- Os pesquisadores defendem a realização de um novo estudo com os mesmos pacientes daqui a alguns anos;
- Isso porque o câncer na boca e na garganta leva muitos anos para se desenvolver;
- No estudo atual, os médicos identificaram apenas 57 casos da doença entre os homens não vacinados e 26 entre os vacinados – ou seja, praticamente o dobro;
- A intenção dos cientistas é continuar monitorando o grupo para assegurar a eficácia da vacina nos homens.
“Acreditamos que o benefício máximo da vacina será observado de fato nas próximas duas ou três décadas”, afirmou o coautor do estudo, Dr. Joseph Curry, cirurgião de cabeça e pescoço do Sidney Kimmel Cancer Center, na Filadélfia. “O que estamos apresentando aqui são efeitos iniciais”, concluiu.
- Conforme o MedicalXpress, nos EUA, a vacina contra HPV é recomendada desde 2006 para meninas de 11 ou 12 anos e, desde 2011, para meninos da mesma idade;
- No Brasil, o público-alvo desse imunizante são garotas e garotos de 9 a 14 anos;
Mais informações sobre o HPV
O vírus HPV, ou papiloma humano, é altamente comum e é disseminado através do contato sexual. Existem mais de 150 tipos conhecidos desse vírus, sendo a maioria inofensiva. Entretanto, alguns casos podem resultar em lesões na pele – e essas lesões (como verrugas) podem evoluir para doenças graves.
No Brasil, estima-se que haja entre nove e dez milhões de indivíduos infectados pelo HPV e que surjam 700 mil novos casos de infecção por ano.
O Recentemente, o Ministério da Saúde implementou uma estratégia de imunização de dose singular. Conforme o órgão, a meta foi ampliar a aceitação ao imunizante. A decisão segue as diretrizes mais recentes emitidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
