sábado, 6 julho, 2024
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    Indecisões e contradições marcam terceira gestão de Lula

    As muitas indecisões e contradições que marcam o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acabaram por tornar o seu terceiro procuração na Presidência da República mormente duvidoso e místico. Nesses nove meses desde a sua posse, Lula manteve um exposição de confronto com adversários nas urnas, ficando ainda mais distante do perfil conciliador que alegadamente queria emplacar. Em paralelo, as suas agendas pessoal e de procuração produziram uma série de imbróglios no relacionamento com o Congresso, nas relações internacionais do país, na política econômica e até mesmo na meio de conhecidas bandeiras da esquerda brasileira.

    Para analistas e políticos, a primeira e maior dificuldade para Lula conferir conformidade ao seu atual procuração e alongar as incertezas que o cercam está na construção de uma base parlamentar sólida. Num momento em que o Legislativo ganha força frente ao Executivo, Lula se apresenta uma vez que líder principal no campo esquerdista e não consegue firmar uma coligação efetiva com a secção da maioria conservadora do Parlamento. Mesmo cedendo espaços a partidos hipoteticamente rivais (PP e Republicanos) em ministérios, autarquias, estatais e bancos públicos, o governo continua vulnerável aos humores e às ambições do Centrão.

    A percepção de que o Lula 3 é, na prática, um governo de “nem uma coisa nem outra” irrita não exclusivamente a oposição, mas também aliados históricos, uma vez que o PSB, além de estimular o gosto de adesistas e a ousadia do “balcão da governabilidade”.

    Nesse sentido, o pesquisador político Ismael Almeida lembra que a ida do PP e do Republicanos para a Esplanada dos Ministérios ainda não foi submetida a um “teste de queimada”, capaz de calcular se a reforma ministerial resultou em alguma solidez para a base parlamentar do Planalto. “Tudo agora depende do tema da taxa. Se for, por exemplo, material na qual o Judiciário tenha tomado vanguarda, o governo não conseguirá paralisar a revolta”, alerta.

    Para Almeida, os líderes partidários parecem dispostos a reafirmar o peso do Congresso para além da sua relação com o Executivo. Assim, a tendência é de Lula colher frutos da sua “base alugada” por meio de cargos exclusivamente em pautas econômicas, mesmo assim com ressalvas.

    “Sendo a vulnerabilidade ao Centrão uma irregularidade estrutural do sistema político, independentemente de quem seja o presidente da República, o que faz a diferença é um pouco sutil, uma vez que provar fraqueza quando pressionado. Em público, Lula tenta mostrar domínio da situação e até resistência às cobranças no Congresso, mas presume-se que se fizer o jogo pragmático nos bastidores, pode ser muito sucedido e colher os resultados esperados”, observa.

    Polarização política acentua as contradições de Lula

    O professor de relações governamentais e políticas públicas do Ibmec-DF Arthur Wittemberg também enxerga dificuldades de Lula firmar face definitiva para o terceiro procuração em razão da mudança de contexto, se comparado ao de 20 anos antes, quando assumiu seu primeiro governo. “O Lula 3 lida com um mundo muito mais multíplice. Numa democracia polarizada, o país enfrenta o duelo de lastrar demandas distintas, tanto internas quanto externas, não vasqueiro antagônicas. É nesse cenário que as ambiguidades do presidente devem ser situadas”, avalia.

    O primeiro duelo, segundo Wittemberg, é equacionar o relacionamento de um Executivo mais à esquerda com um Legislativo mais à direita. Ao atrair para o processo decisório representantes do Centrão, Lula aposta numa estratégia que assegure maioria para votações importantes, até mesmo para pautas do seu viés ideológico. “A imprevisibilidade, mas, ainda deve persistir por meses. No projecto administrativo, as recentes trocas na Esplanada devem se desdobrar por mais qualquer tempo, com trocas de equipes. E uma esperada melhora da transparência deve ocorrer”, diz.

    A conferência do Lula 3 com os Lulas 1 e 2 tem na economia o seu maior contraste. Sua equipe econômica, capitaneada pelo ministro Fernando Haddad (Quinta), promete lastrar as contas públicas, zerando o déficit em 2024. Com totalidade suspeição do mercado, a promessa seria honrada por medidas que dependem do Congresso e voltadas a aumentar a receita de impostos, sem qualquer moderação sobre a curva ascendente de despesas. O objetivo final, apontam especialistas e políticos, é exclusivamente a procura de espaços fiscais para investimentos de alcance mais imediatista e eleitoreiro. Tudo sem protótipo simples de governança, oscilando abordagens.

    Agenda ambiental e suporte do Poente têm sinais invertidos

    No projeto das relações internacionais, o terceiro procuração de Lula reúne as maiores pretensões do presidente e, também, claras contradições dele, relacionadas ao suporte do Poente e à agenda ambiental.

    A procura de recursos para a conservação da Amazônia para solucionar o drama climatológico conflita com o libido de investir na exploração de petróleo na Foz do Rio Amazonas – uma taxa que enfrenta oposição de integrantes do próprio governo, uma vez que a ministra do Meio Envolvente, Marina Silva. No encontro do Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) na África do Sul, Lula criticou ainda o “neocolonialismo verdejante” dos países desenvolvidos, rechaçando sanções em nome da preservação florestal.

    Nessa questão também há a pressão de outras demandas dos estados do Setentrião por desenvolvimento econômico que contrariam pautas ambientais e indígenas.

    Por outro lado, ao louvar e patrocinar ditadores, o presidente esbarra em posições da União Europeia e dos Estados Unidos. Não vasqueiro, suas declarações favoráveis a iniciativas de Rússia e China, que atravessam um momento tenso na sua relação com o Poente, acabam forçando a enunciar desmentidos, recuos e relativizações. A Rússia foi isolada internacionalmente pelo Poente posteriormente invadir a Ucrânia em 2022 e a China vem travando uma guerra mercantil com os Estados Unidos desde 2018.

    Para Juan Carlos Gonçalves, pesquisador político e diretor-geral da entidade social Ranking dos Políticos, o presidente está hipotecado em edificar uma ampla base de suporte para o seu terceiro procuração, mas, ao fazê-lo, provoca confusão e revela falta de nitidez sobre a direção que propõe para o país.

    “É crucial reconhecer que 2023 é uma estação muito dissemelhante de 2003 e de 2007, quando se iniciaram as primeiras gestões petistas. O contexto social, político e econômico mudou muito e enfrentamos desafios significativos para manter relações nacionais e externas equilibradas e coerentes”, diz.

    Ele aponta uma vez que uma prova clara da falta de orientação de Lula na sua diplomacia: as viagens controversas, uma vez que a visitante a Cuba, onde enfrentou questões relacionadas ao calote de dívidas, e as críticas que fez ao embargo econômico dos EUA à ilhéu logo na sequência, no plenário das Nações Unidas, em Novidade York. Esses sinais invertidos têm sido apontados por líderes conservadores do Congresso americano.

    Metas financeiras e ambientais de Lula despertam dúvidas

    Dentre as muitas contradições, Gonçalves destaca que um governo autointitulado de patrono do meio envolvente adota políticas de subsídios para veículos movidos a combustíveis fósseis, o que levanta questionamentos sobre o real comprometimento com a sustentabilidade ambiental.

    Outrossim, apesar de expressar a intenção de obter déficit zero nas contas públicas em 2024, a gestão petista demonstra ao mesmo tempo uma disposição para gastos excessivos. “As contradições são numerosas e carecem de uma voz coesa e harmônica dentro do governo que possa organizar essas mudanças constantes de posições, proporcionando exposição simples e sem ambiguidades”, diz o exegeta.

    As contradições do Lula presidente se chocam frontalmente com as falas do Lula candidato em 2022. Ele defende a representação da volubilidade no poder até em nível global, mas nomeia homens brancos para o Supremo Tribunal Federal (STF) e retrocede na formação ministerial, substituindo mulheres por homens. Essa postura já provocou reações públicas de desagrado de apoiadores do presidente.

    Lula prometeu transparência, mas tem dificultado o chegada à informação de dados públicos, uma vez que cartão corporativo e viagens internacionais, além de propagar desinformação. Por término, preconizou a reconciliação vernáculo, mas seguiu propagando discursos de ódio.

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