O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retoma, nesta semana, sua programação de viagens internacionais após o período interrompido para a recuperação de uma intervenção cirúrgica no quadril. Em sua primeira parada, o político desembarca na Arábia Saudita, depois segue para o Catar e em seguida para os Emirados Árabes Unidos, onde participa da COP 28.
O propósito do itinerário, de acordo com membros do Ministério das Relações Exteriores, é fechar pactos bilaterais e atrair investimentos para o Brasil, além de discutir a situação dos brasileiros que ainda estão impedidos de sair da Faixa de Gaza devido à guerra entre Israel e Hamas.
O líder pretende abordar o conflito durante seus compromissos no Catar, que tem sido um mediador importante da guerra entre Hamas e Israel. O país abriga os dirigentes do Hamas e, em colaboração com Egito, ajudou a negociar a trégua estabelecida nos últimos dias para a libertação de reféns israelenses.
Lula parte rumo ao Catar na quarta-feira. Conforme o Itamaraty, a visita do ex-presidente brasileiro possibilitará “diálogos no mais alto nível” sobre o conflito. Em contato com representantes que lidam diretamente com a guerra, Lula espera negociar a libertação de outros 86 brasileiros que ainda estão na Faixa de Gaza.
A visita ao país também tem motivação econômica e o político espera fechar pactos na área de infraestrutura.
Líder se encontrará com príncipe saudita
Antes de ir ao Catar, Lula cumpre agenda na Arábia Saudita, que recentemente passou a integrar os Brics (bloco originalmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). O país possui grandes reservas de petróleo e é considerado pelo governo brasileiro como um parceiro econômico importante.
Durante sua estadia, Lula participará de encontros empresariais e se reunirá com o príncipe herdeiro e primeiro-ministro, Mohammed bin Salman – o mesmo que deu os famosos presentes ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e que em 2019 esteve envolvido no escândalo da morte do jornalista do Washington Post Jamal Khashoggi dentro do consulado saudita na Turquia.
Entre os eventos nos quais Lula participa no país, há um promovido pela Embraer, companhia aérea brasileira que fabrica aeronaves.
Apenas nos últimos dez meses, as operações comerciais entre os dois países ultrapassaram a casa dos US$ 5 bilhões. O Brasil, entretanto, espera ampliar esse número e atrair investimentos de até US$ 10 bilhões dos sauditas no país. “Parte desses recursos já é investida no Brasil, mas ainda há espaço para expandir”, informou Carlos Sergio Sobral Duarte, secretário de África e Oriente Médio do Ministério de Relações Exteriores.
Além da relação bilateral Brasil-Arábia Saudita, o comércio do país com o Oriente Médio tem alcançado números elevados. No último ano, a balança comercial entre o Brasil e países árabes excedeu US$ 32 bilhões — desses, US$ 8 bilhões apenas com os sauditas. Em parte, os árabes importam produtos agrícolas e matérias-primas minerais do Brasil.
Após passar pela Arábia Saudita e Catar, Lula viaja no dia 30 aos Emirados Árabes Unidos para participar da COP 28 — a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima.
Após a passagem pelo Oriente Médio, Lula parte para a Alemanha e passa três dias em Berlim, onde também cumpre uma agenda focada em investimentos e pactos.
