sexta-feira, 5 julho, 2024
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    Líder do PSDB reconhece falha do partido em não participar em 2022


    Com o apoio do ex-governador de Minas Gerais e atual deputado federal Aécio Neves (PSDB), o ex-senador Marconi Perillo assumiu a liderança dos tucanos no final de novembro de 2023. Aos 61 anos, o presidente da sigla já teve passagens pelo MDB e pelo PP, mas agora tem como desafio colocar o PSDB entre os partidos principais do país.

    O primeiro grande desafio do partido se concentra nas eleições municipais deste ano. Segundo o presidente do PSDB, a legenda possui “capilaridade” na maioria dos Estados e municípios brasileiros.

    “Estamos otimistas”, disse Perillo, em entrevista a Oeste. “Vamos trabalhar para eleger prefeitos em capitais, em cidades grandes, médias e pequenas, além de eleger governadores. Nosso objetivo é eleger a quantidade de prefeitos que elegemos na eleição passada, de preferência um pouco mais. Nosso intuito é que o PSDB reconquiste este protagonismo político, como o grande partido que contribuiu para a melhoria do Brasil.”

    De acordo com Perillo, o PSDB cometeu equívocos que resultaram na diminuição do tamanho do partido, que atualmente conta com apenas dois senadores eleitos. Os tucanos perderam até mesmo a sala da liderança no Senado. No último pleito geral, o partido elegeu 13 deputados federais e, com a federação com o Cidadania, chegou à marca de 18 deputados na Câmara.

    “As prévias se tornaram um erro, pois dividiram o partido”, disse Perillo. “Tivemos também equívocos nas eleições de 2018, em que não conseguimos fazer a leitura adequada do momento. Ali se iniciava uma forte polarização.”

    Ao comentar as eleições de 2022, em que o partido não teve candidato próprio à Presidência, o líder do PSDB destacou que, na ausência do ex-governador de São Paulo João Doria na disputa, a sigla deveria ter lançado o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, para o posto. Na ocasião, o PSDB apoiou a candidatura proposta pelo MDB: Simone Tebet, atual ministra do Planejamento.

    Natural de Palmeiras de Goiás, no interior do Estado, Perillo é filho de Marconi Ferreira Perillo e Maria Pires Perillo. Seu avô, Luiz Perillo, foi deputado estadual entre 1917 e 1924. O presidente do PSDB já foi assessor do ex-governador Henrique Santillo, deputado estadual, deputado federal e governador de Goiás por 16 anos — entre 1998 e 2006 e entre 2010 e 2018.

    A Oeste, Perillo discorreu sobre a aposta do partido em Eduardo Leite para 2026, sobre as negociações para angariar mais senadores eleitos, sobre a possibilidade de Aécio Neves ser candidato ao governo de Minas Gerais em 2026.

    Confira os principais trechos da entrevista.

    O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ex-presidente do PSDB; e o novo presidente do partido, Marconi Perillo | Foto: Rute Moraes/Revista Oeste

    Qual a expectativa do partido para as eleições municipais?

    As perspectivas são positivas. O partido tem abrangência na maior parte dos Estados e dos municípios brasileiros. É um partido que já contribuiu bastante, tanto no governo federal quanto em cerca de cinco Estados brasileiros. Realizou grandes administrações nos municípios. É um partido que tem uma base de realizações no trabalho, nas reformas e nas políticas sociais. Estamos entusiasmados. Vamos trabalhar para eleger prefeitos em capitais, em cidades grandes, médias e pequenas, além de eleger governadores. Nosso objetivo é eleger a quantidade de prefeitos que elegemos na eleição passada, de preferência um pouco mais. Nosso desejo é que o PSDB recupere este protagonismo político, como o grande partido que colaborou para a melhoria do Brasil.

    Que análise o senhor faz do partido ao longo dos últimos anos?

    O PSDB cometeuAlguns equívocos ocorreram, resultando em nossa redução de tamanho. As prévias se converteram em um erro, pois dividiram o partido. Também cometemos deslizes nas eleições de 2018, nas quais não conseguimos interpretar corretamente o momento. Nesse período, uma forte polarização teve início. O PSDB mirou alvos equivocados, o que permitiu a consolidação da polarização no Brasil, estabelecendo dois polos extremos, prejudicando tanto a nós quanto o país. Faltou a leitura adequada para sobreviver às eleições de 2018 e, posteriormente, as prévias, que dividiram o partido e impediram a candidatura de um presidente pelo partido. O fato de não termos lançado um candidato à presidência em 2018, após todas as eleições presidenciais anteriores, foi um grande erro e estamos pagando o preço por isso. Isso resultou na redução de nossas representações no Senado e na Câmara, afetando negativamente nossa imagem. É essencial termos candidatos competentes e realizarmos boas gestões para garantirmos nossa permanência na vida política e, principalmente, para mantermos a credibilidade e confiança do eleitorado.

    O ex-governador Doria indicava sua possível candidatura à Presidência em 2022, mas abdicou e desligou-se do partido. Essa obsessão pela presidência prejudicou o PSDB?

    O que prejudicou profundamente o partido foi a realização das prévias que, de certa forma, minaram nossa unidade interna e, posteriormente, a ausência de um candidato à presidência. Doria alega que não teve condições de ser candidato devido a problemas com o partido. No entanto, o PSDB deveria ter lançando, na ausência de Doria, o governador Eduardo Leite. Ele estava disposto a concorrer, mas não houve o ambiente propício. O partido havia apostado na candidatura do MDB, o que se mostrou completamente equivocado e prejudicial para todos nós.

    O senhor vislumbra um retorno do ex-governador João Doria ao PSDB?

    Recentemente, conversei com ele e ele afirmou categoricamente que não retornaria à política, mas focaria em negócios e na iniciativa privada.

    Geraldo Alckmin, vice-presidente, era uma figura histórica no partido. Ele governou SP, mas fez uma escolha inesperada no ano passado. Como o senhor avalia essa escolha?

    Foi uma grande perda. Fui colega do governador Geraldo Alckmin por quatro vezes. Sempre tive uma relação muito próxima e afetuosa com ele, discutindo problemas e soluções juntos. Ele foi presidente nacional do PSDB e, naquela época, atuei como seu vice-presidente. Ajudei a coordenar sua campanha em 2018. Ele saiu alegando que não tinha mais espaço no PSDB. Também foi um erro nosso não proporcionar a ele a segurança de uma candidatura ao Estado de São Paulo. Continuo nutrindo por ele respeito, simpatia, admiração e torço para que ele faça um belo trabalho em prol do Brasil.

    A aliança com o Cidadania deve prosseguir?

    Sim. Realizei uma reunião com o presidente nacional do Cidadania, ex-deputado Contes Bittencourt, e, posteriormente, ele designou dois membros do Cidadania. Da mesma forma, designei dois membros nossos para resolver possíveis problemas nas cidades brasileiras onde disputaremos as eleições.

    Aécio deverá postular algum cargo nas próximas eleições?

    Ele quase se tornou presidente da República pelo nosso partido. Foi governador de Minas Gerais por duas vezes e teve uma gestão exemplar, competente, com realização e solução de problemas em todas as áreas do Estado. Foi uma figura referencial e deixou o governo com quase 90% de aprovação. Se ele for candidato ao governo de Minas, terá o total apoio do PSDB.

    O partido planeja ter um candidato ao governo de MG, mesmo que Aécio não queira concorrer?

    Eu prefiro acreditar que Aécio seja o pré-candidato e o nosso representante. No entanto, o futuro está nas mãos de Deus. Esperemos para ver.

    Comoo partido pretende lançar a candidatura do Eduardo Leite à Presidência em 2026?

    Nosso desafio será romper com a polarização e evidenciar que existe inteligência além dos extremos, que é possível construir um grande futuro com ideias, projetos e experiências sólidos e condições objetivas para promovermos governos eficazes com resultados significativos para a população. É trabalhar para apresentar projetos com soluções para os problemas e focar no que é relevante para o Brasil: qualificação do jovem, internet, educação, geração de emprego, governança que considere a importância de reduzir o gasto público, governança que entregue resultados muito positivos para a população e resulte na redução das desigualdades sociais e regionais. As pessoas desejam segurança, não apenas a segurança pública, mas também a segurança previdenciária, a segurança no emprego, na moradia… Essa é a palavra-chave. Proporcionar segurança para que as pessoas vivam com dignidade em um país do tamanho do nosso.

    O senhor mencionou a “inteligência além dos extremos”. O partido enfrenta desafios com a pauta dos costumes?

    Acredito que o PSDB precisa focar nas pautas que sejam verdadeiramente relevantes, como a pauta econômica, social… Em relação às pautas de costumes, devemos permitir que cada parlamentar e militante decida de acordo com sua consciência. Além disso, defendo que o partido promova um Congresso em algum momento para discutir todos os temas importantes para o país. Dessa forma, teríamos uma posição mais definida, onde a maioria estabeleça a direção do partido.

    Como o senhor avalia a gestão da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra?

    Desde quando ela era prefeita, sou um admirador da governadora Raquel Lyra. Ela é uma líder diferenciada, qualificada e preparada para exercer o cargo de governadora e outras funções no futuro. O partido está comprometido com a reeleição dela e compreende que, como governadora, ela pode ter total independência para estabelecer parcerias e tomar as decisões que julgar pertinentes para garantir uma boa governabilidade. Ela não é demagógica, nem populista.

    Com relação ao Senado, o partido perdeu recentemente a sala da liderança e mantém apenas dois senadores filiados. Quais os planos do partido para as eleições majoritárias no Congresso?

    Tenho dialogado bastante com o senador Izalci Lucas (DF) e também conversei com o senador Plínio Valério (AM). Nossa garantia é dar total apoio a eles e buscar novos nomes no Senado que possam agregar valor e fortalecer nossa bancada, assim como na Câmara dos Deputados.

    A ideia é filiar senadores já eleitos?

    Completamente. Pretendemos filiar senadores agora e trabalhar para eleger mais senadores. As conversas com os demais senadores já estão em andamento.

    Como o senhor avalia o primeiro ano do governo Lula?

    O PSDB é um partido de oposição. Temos feito críticas pontuais, sem atacar pessoalmente ou destruir. Estamos a favor do Brasil. O gasto público está acima da média. Precisa ser cauteloso com a responsabilidade fiscal, com o equilíbrio fiscal. Vejo lideranças importantes do PT afirmando que o partido não deve se comprometer com o gasto público. O descumprimento das regras e metas fiscais: isso é um equívoco total, pode levar o Brasil a uma situação crítica. Esse alto número de ministérios também é um erro grave. O apoio do presidente Lula a algumas ditaduras mundo afora me deixa muito inconformado. Ele prega democracia, se diz contra os atos do 8 de janeiro, mas, ao mesmo tempo, apoia regimes ditatoriais, como o da Venezuela. Não está certo. Continuaremos apontando esses erros. Além disso, temos motivos para comemorar: a aprovação da reforma tributária, uma realização conjunta do povo brasileiro.

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