sexta-feira, 5 julho, 2024
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    Líder máxima a presidir o Conselho Federal de Medicina Veterinária aborda o adiante da ocupação

    O desempenho profissional dos médicos veterinários e zootecnistas necessita ser supervisionado de perto, com rigor, dada a relevância dessas duas atividades. Com esta finalidade, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) está presente há 55 anos e abrange toda a extensão territorial brasileira.

    Com o intuito de entender mais a fundo a atuação dessa autarquia, o Canal Rural Entrevista desta edição conversa com a primeira presidente mulher na história da instituição, a Ana Elisa Almeida. Assista à entrevista na íntegra no vídeo acima e acompanhe os principais trechos abaixo:

    Canal Rural: As mulheres estão cada vez mais assumindo a liderança de grandes organizações. Como foi alcançar essa posição tão significativa?

    Ana Elisa – Eu sou médica veterinária, formada pela Universidade Federal da Bahia. Exerci a presidência do CRMV do estado e me identifiquei profundamente com a oportunidade de atuar eficazmente em prol da melhoria e valorização de nossa profissão. Foram dois mandatos na Bahia e, em 2017, disputei a gestão federal. Posteriormente, fui convidada pelo Dr. Francisco a integrar o Conselho Federal na condição de vice-presidente. A partir disso, iniciei meu mandato como presidente em 15 de dezembro do ano passado […]. Sinto-me muito honrada por estar à frente da maior entidade [do setor], sendo a primeira mulher a ocupar essa posição. Nós mulheres já constituímos, inclusive, a maioria dentro do sistema do Conselho Federal e Conselhos Regionais. Portanto, é uma honra para mim gerir a maior entidade de minha profissão, à qual escolhi por vocação e dedicação ao longo de quase quatro décadas de minha vida. Além disso, existe outra ocupação vinculada a essa autarquia e que eu respeito e admiro imensamente, dada a importância que possui para o agronegócio, para a sociedade, que é a zootecnia. Portanto, hoje não há mais barreiras, limitações. Nós, mulheres, chegamos para permanecer.

    CR: Para liderar uma instituição como o CFMV, é fundamental ter como base a experiência na ocupação, ter vivenciado todo o processo da medicina veterinária. Como foi o início de tudo e em que medida essa trajetória na carreira lhe auxiliou a alcançar o cargo de presidente?

    Ana Elisa – Quando jovem, ainda estudante, confesso que não me envolvia muito nas questões do centro acadêmico, pois era bastante focada na formação. Fui muito dedicada aos estudos, então tinha pressa em concluir o curso […]. Posteriormente, já graduada, fui convidada pelo presidente do Conselho da Bahia à época para presidir a Sociedade de Medicina Veterinária da Bahia, que é a entidade responsável pela parte mais social e cultural da classe, por meio de, por exemplo, congressos. Em 2001, realizei na Bahia o Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária, que, sem falsa modéstia, foi um êxito. Contamos com mais de duas mil pessoas no Centro de Convenções da Bahia, com diversas autoridades e palestras. Isso me concedeu certa visibilidade nacional. Em 2003, o presidente do Conselho me convidou para entrar na sua gestão na condição de secretária-geral. A partir daí, comecei a atuar na área de fiscalização, uma vez que o Conselho tem como prioridade e propósito a prática profissional. Foi a partir desse momento que passei a conhecer as legislações, as normas, a compreender, e eu estudava intensamente. No cargo de secretária-geral, eu precisava administrar toda aquela parte dos registros, das inscrições, dos cancelamentos.

    CR: A atuação do médico veterinário em campo e seu significado atual para a pecuária brasileira têm crescido consideravelmente nos últimos tempos. O produtor rural se identifica com esse profissional, buscando-o, inclusive, para a tomada de decisões.

    Ana Elisa – Sim, especialmente porque o Brasil encontra-se hoje em um patamar competitivo.muito extenso e está ciente de que para conseguir se manter nesse segmento, inclusive nos mercados internacionais, é necessário ter competência, qualidade, conhecimento e isso o produtor encontra nessas pessoas especializadas, no doutor veterinário, no zootecnista, no engenheiro agrônomo. […] Outro dia estive no Ministério da Pesca e o secretário-executivo era um zootecnista. Nós temos vários colegas médicos veterinários ocupando importantes cargos dentro do Ministério da Agricultura, inclusive até vice-governadores. Então percebemos que há uma busca por este profissional, inclusive as associações de produtores têm nos procurado exatamente para manter essa proximidade com esses profissionais porque eles compreendem e sabem da importância de atender, inclusive, as demandas do mercado nacional e internacional.

    CR: Qual a contribuição da medicina veterinária e da zootecnia para a saúde dos animais?

    Ana Elisa – A saúde dos animais, tanto preventiva quanto curativa, é uma área exclusiva do doutor veterinário. Logicamente, o zootecnista também tem um foco na saúde dos animais, uma vez que ele trabalha com a nutrição, a produção. Temos difundido bastante o conceito da saúde única. O Conselho Federal tem enfatizado e implementado medidas nesse sentido. Isso ocorre pois não se pode separar a saúde humana da saúde animal e ambiental. Elas são interligadas.

    CR: Falando em integração, de que forma o doutor veterinário e o Conselho Federal vêm desenvolvendo a normativa do Environmental, Social and Governance (ESG)?

    Ana Elisa – Temos estabelecido normas, por meio de nossas resoluções, uma variedade de práticas que devem ser seguidas pelo profissional para que ele possa promover essa convivência sem prejudicar o meio ambiente. Já demonstramos que isso é viável. Podemos exercer a pecuária, o melhoramento genético, todas as nossas interações convivendo e compartilhando sem nenhum problema com o meio ambiente. Existem várias resoluções nossas que preveem e orientam os doutores veterinários e zootecnistas nesse aspecto, ou seja, na interação com o meio ambiente e aumento de produtividade, respeitando, inclusive, os próprios parâmetros do animal. Atualmente, dispomos de tecnologias avançadas que têm nos possibilitado maior eficiência e, também, diagnósticos mais precisos para tomadas de decisões, mais confiáveis. Exemplos disso são as ferramentas de inteligência artificial, muito úteis para a pecuária de precisão.

    CR: A inteligência artificial, como a senhora mencionou, tem auxiliado consideravelmente o trabalho do doutor veterinário. Como conciliar o olhar técnico do profissional com esse tipo de tecnologia?

    Ana Elisa – A tecnologia só é útil e bem-vinda se o profissional conseguir conciliar o seu olhar técnico e o cuidado com o animal, com a natureza. Dessa forma, geram um resultado positivo em nosso trabalho. No entanto, essas ações precisam ocorrer dentro dos princípios éticos que regulamentam a nossa profissão. […] Em 2022, por exemplo, aprovamos a telemedicina, algo que veio para somar. É claro que o padrão ouro das nossas atividades é o atendimento presencial, o contato direto, mas a telemedicina é uma ferramenta que veio para encurtar a distância entre o animal, o tutor e o profissional. Dessa forma, o doutor veterinário pode fazer com que o diagnóstico e o tratamento sejam iniciados de uma forma mais ágil do que se o tutor levasse o animal até o consultório. Isso facilita o fluxo.

    CR: Qual mensagem a senhora pode transmitir aos futuros profissionais da Medicina Veterinária e da Zootecnia?

    Ana Elisa – Fui docente por 34 anos na Universidade Federal da Bahia e reconheço a importância de uma formação sólida para a prática profissional. Assim, quero dizer aos futuros colegas que não desistam de seus objetivos. A medicina veterinária é uma profissão bela, que lida com a vida, não apenas a animal, mas também a humana e a ambiental. Busquem uma formação sólida, contínua. Sustento sempre que são necessários cinco elementos: atitude, vontade, conhecimento, habilidade e entusiasmo. É fundamental que tenhamos confiança em nossa capacidade. Não tenham receio de arriscar. Quero, também, enviar uma mensagem às profissionais mulheres: nós temos a capacidade de ocupar posições de liderança, podemos conciliar a nossa vida profissional com a familiar. […] Devemos manter esse olhar amplo, característico do feminino. Costumo dizer que nós, mulheres, temos uma capacidade maior de ouvir, acolher e compreender. É essencial que não tenhamos medo de correr riscos e de aceitar todas as oportunidades que nos são apresentadas. Existe um ditado que diz assim: “ouse e o poder lhe será concedido”. Logo, a todos os profissionais, mas, de forma especial, às mulheres: adiante! Só depende de nós. Juntos podemos fortalecer cada vez mais o agronegócio brasileiro, conquistar os mercados internacionais e também fortalecer o mercado interno.

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