Depois de desonerar três mulheres de seu governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva culpou os partidos — e não admitiu sua responsabilidade — pela redução da representatividade feminina no sobranceiro escalão da governo federal.
“Eu, às vezes, lamento profundamente não poder indicar mais mulheres do que homens no governo. Acontece que quando você estabelece uma confederação com um partido político, nem sempre esse partido tem uma mulher para indicar”, disse o petista na sexta-feira 27 durante moca com jornalistas, no Palácio do Planalto.
A enunciação foi dada dois dias depois da exoneração de Rita Serrano da presidência da Caixa Econômica para entregar o função a Carlos Vieira Fernandes, indicado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), uma espécie de líder do centrão.
Eleito com a retórica de paridade de gênero, Lula já demitiu outras duas mulheres do primeiro escalão: Daniela Carneiro, do Ministério do Turismo, e Ana Moser, do Ministério do Esporte, foram substituídas por homens.
Nos dois casos, assim como no caso de Rita, em vez da promessa de campanha, prevaleceu o pacto com o centrão.
Daniela Carneiro, conhecida como Daniela do Waguinho, foi trocada pelo deputado federal Celso Sabino (União-PA), em 13 de julho. Já Ana Moser, que participou ativamente da campanha de Lula, foi demitida para acomodar outro deputado federal: André Fufuca (PP-MA), líder do Progressistas na Câmara.
Lula volta a prometer mais mulheres para o governo
Depois de “lamentar” as demissões, Lula acrescentou: “Mas isso não quer expressar que eu não possa no governo tirar homens e colocar mulheres. Eu ainda posso trocar muita gente, só estou com 10 meses de procuração.”
Dos 37 ministérios, 27 — o que corresponde a 73% — são ocupados por homens. Das 11 pastas cedidas ao PT, exclusivamente uma é ocupada por mulher — Cida Gonçalves, ministra da Mulher. E dos oito ministérios que estão com titulares não filiados a partidos, quatro estão com mulheres.
Na conversa com os jornalistas, Lula ainda afirmou ter pedido às legendas que indicassem mulheres, mas os líderes partidários alegaram que não tinham quadros femininos para indicar e por isso aceitou a indicação. E, a exemplo do que fez na campanha, o petista prometeu que “ainda vai ter mais mulher no governo, em outros cargos”.
