quarta-feira, 3 julho, 2024
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    Lula mira eleições com “tiro” na meta fiscal; risco é de inflação e juros

     

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), chocou o público ao comprometer seriamente a meta fiscal de déficit zero estabelecida pelo seu próprio governo para o ano de 2024. Em uma declaração feita na manhã de sexta-feira (27) a jornalistas, Lula não apenas desestabilizou os ativos financeiros do país e desencadeou uma valorização do dólar, mas também lançou uma sombra de incerteza sobre a política econômica, evidenciando um pragmatismo arriscado. As possíveis consequências incluem uma deterioração das expectativas de inflação, o que por sua vez poderia impactar a taxa básica de juros.

    Lula, que mostra sinais de queda em sua popularidade e uma crescente dependência da cooperação dos presidentes do Congresso, parece estar cedendo à influência de conselheiros políticos que priorizam a alocação de recursos para fortalecer a intervenção governamental no processo eleitoral, por meio de benefícios sociais e grandes obras.

    O Centrão e a ala mais radical do PT pressionam Lula a adotar uma abordagem menos responsável na gestão dos recursos públicos e mais agressiva no uso de sua autoridade presidencial. Ao afirmar que é “difícil” cumprir a meta fiscal de 2024, Lula não apenas anulou o esforço e a reputação de seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mas também deixou claro que o Orçamento da União precisará ser ajustado para acomodar mais “espaço fiscal”.

    A necessidade de contingenciar verbas já estava causando desconforto entre ministros e parlamentares aliados. Não surpreende, portanto, que o presidente tenha anunciado planos para inaugurar projetos em todo o país no próximo ano. Posteriormente, ele reiterou que a “ganância” dos investidores não o forçará a cortar gastos.

    O mercado já esperava um déficit fiscal de 0,75% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024. No entanto, as palavras do presidente podem aumentar o que é conhecido como “desancoragem das expectativas”, um termo técnico usado para descrever a perda de previsibilidade dos indicadores e a confiança nas autoridades responsáveis pela política econômica, elementos fundamentais para o bom funcionamento do mercado.

    Contrariamente à sugestão de Lula, os “investidores gananciosos”, em sua visão, valorizam mais o compromisso com as metas estabelecidas do que a busca por lucros maiores. Portanto, eles impõem custos mais elevados e prazos mais curtos quando a orientação da economia se torna instável.

    Economistas entrevistados pelo jornal “O Estado de São Paulo” advertem que o risco de desancoragem das expectativas de inflação nos próximos anos aumentou devido à incerteza causada pelas dificuldades do governo em avançar com sua agenda econômica no Congresso, o que agora é agravado pelas declarações de Lula.

    Eles alertam que a aparente estabilidade nos preços no país pode mudar rapidamente, especialmente diante de sinais negativos na frente fiscal e de eventos internacionais adversos, como um aumento nos preços do petróleo devido a conflitos no Oriente Médio.

    Para Marcos Mendes, pesquisador associado do Insper para políticas públicas, as declarações de Lula demonstram falta de compromisso com o equilíbrio fiscal, ignorando os efeitos adversos sobre juros, inflação e crescimento econômico.

    A XP Investimentos sugere que a revisão da meta fiscal é provável devido à pressão sobre o Orçamento da União. Felipe Salto, economista-chefe da Warren Rena, acredita que as declarações de Lula não alteram substancialmente o arcabouço fiscal, considerando os gatilhos previstos na lei para casos de descumprimento das metas.

    O interesse político parece ofuscar a busca pela estabilidade econômica. Outro erro destacado por economistas é a suposição de que o cenário de melhoria na inflação se sustentará de forma garantida, o que poderia incentivar gastos mais agressivos, contando com o Banco Central para evitar um descontrole maior.

    Do ponto de vista político, o Centrão mantém sua influência, e o governo está ainda mais dependente do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Analistas argumentam que, sem um projeto claro para o país, o Executivo fica à mercê de interesses políticos regionais e se limita a distribuir cargos e recursos públicos.

    A realidade é que Lula está com pressa. Mesmo com melhorias nos indicadores econômicos, sua aprovação está em declínio, especialmente na região Nordeste e entre o público evangélico. As promessas de reversão do teto de gastos em prol da justiça social, a recomposição do Bolsa Família e o aumento do salário mínimo ainda não se materializaram. Isso tudo é motivo de grande preocupação.

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