sexta-feira, 5 julho, 2024
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    Morango: fruta vermelha com indicação geográfica impulsiona renda de produtores do Paraná

    O documento foi emitido em 2022, após um trabalho de orientação aos agricultores locais realizado pelo Sebrae/PR, em colaboração com o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR) e a Associação Norte Velho dos Produtores Rurais de Jaboti, Japira, Pinhalão e Tomazina (ANV).

    Com o intuito de comercializar o fruto com o selo, os agricultores da região precisam se comprometer a registrar todos os processos produtivos em um caderno de campo, separando a produção em lotes controlados, e a adotar práticas sustentáveis, como o uso reduzido de agrotóxicos, priorizando métodos biológicos e mecânicos de desinfecção.

    “Com a indicação geográfica, nós garantimos maior qualidade da fruta ao cliente, utilizando somente produtos biológicos, respeitando o caderno de campo e seguindo os procedimentos pós-colheita”, declara a produtora Lucélia Costa.

    Uma destas técnicas adotadas pelos produtores é o cultivo suspenso dentro de estufas. Em vez de plantar as mudas no solo, os produtores instalam calhas em estruturas que ficam a cerca de um metro do chão.

    Além de evitar o uso de defensivos contra pragas do solo, a técnica possibilita um acompanhamento mais de perto dos morangueiros. A estufa também controla melhor o ambiente, reduzindo em até 5ºC a temperatura na área da lavoura. Isso permite que a fruta amadureça por mais tempo ainda no pé, resultando em frutos maiores, mais saborosos e mais resistentes.

    “O cultivo suspenso nas estufas beneficia o trabalho de modo geral. Reduz o uso de agrotóxicos, melhora a ergonomia para quem trabalha na colheita e também aumenta a produtividade, já que cabem mais mudas em um mesmo espaço de lavoura”, afirma o agricultor Claudemir Silva.

    No solo, são plantados cerca de cinco pés de morango por metro quadrado. Nas calhas, é possível distribuir de 7 a 12 mudas no mesmo espaço. No cultivo suspenso, as mudas também duram mais tempo, chegando a cinco colheitas seguidas com o mesmo pé, cada um produzindo até dois quilos da fruta por ano, enquanto no solo as mudas duram cerca de duas colheitas seguidas.

    Segundo o presidente da ANV, Marcelo Siqueira, as técnicas associadas ao trabalho da indicação geográfica favorecem os agricultores familiares, que conseguem colher um volume maior de frutas em pequenas propriedades a um valor de mercado mais alto. “Além de ter uma tecnologia melhor e um melhor aproveitamento de área, estes produtores conseguem um maior valor agregado ao produto. A gente conseguiu praticamente duplicar o valor de venda do produto”, afirma.

    Oportunidade

    A boa rentabilidade para pequenos produtores é um dos motivos pelos quais a cultura do morango de forma sustentável, com diferenciais de mercado, se desenvolveu na região, de acordo com Siqueira. “É possível proporcionar uma renda melhor a um produtor familiar, que tem uma propriedade pequena. Ao mesmo tempo, sendo uma cultura familiar, é possível trabalhar com a fruta com mais cuidado e atenção nos processos pós-colheita. Isso também valoriza o produto”, disse.

    Em todo o Estado, o morango foi a fruta que teve maior acréscimo da produção nos últimos dez anos, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), saltando de 18 milhões de toneladas anuais para 34 milhões de toneladas. Segundo o relatório anual do órgão, o motivo é a alta rentabilidade oferecida aos produtores.

    Em Jaboti, por exemplo, cidade que mais produz a fruta na região, com 4 mil toneladas por ano, a proporção de pequenas propriedades rurais na cidade está acima das médias brasileira e estadual, de acordo com o Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2017, o último divulgado. 72% das propriedades rurais no município têm até 10 hectares. No Brasil, elas representam 50% e no Paraná são 46% com esta dimensão.

    Além disso, a região tem características climáticas e geográficas propícias para o cultivo da fruta. As cidades que possuem o selo da Indicação Geográfica estão a 500 metros de altitude, em uma área em que o inverno tem dias quentes e noites frias, o que favorece o desenvolvimento do morango. “Acabamos tendo um morango mais doce por causa destas características climáticas”, explicou a produtora Lucélia Costa.

    De acordo com o consultor do Sebrae/PR no Norte Pioneiro Odemir Capello, a adoção das boas práticas associadas à Indicação Geográfica surgiu a partir de uma pesquisa de mercado local por parte do Sebrae, que identificou o potencial de comercialização para um produto de maior valor agregado.

    “O que nós vimos é que a região tinha clientes em potencial que não estavam buscando preço, mas um produto de qualidade. Com o trabalho da Indicação Geográfica, nós pudemos ter condição de trabalhar coletivamente isso com os pequenos produtores da região”, afirma.

    Além das práticas sustentáveis que valorizam o morango, os produtores associados à IG também têm melhores condições de comercializar a fruta coletivamente, uma forma de amenizar a variação de preço condicionada à sazonalidade do produto.

    “Conseguimos criar uma dinâmica para fornecer morango o ano todo aos nossos clientes. No período de entressafra do Rio Grande do Sul, nós vendemos morango a eles, mesmo eles sendo um dos maiores produtores do País”, explica o presidente da ANV, Marcelo Siqueira.

    Impacto econômico

    Ao todo, são cerca de 300 produtores envolvidos na produção de morango na região nos municípios de Jaboti, Japira, Pinhalão e Tomazina. Aproximadamente 10% deles são credenciados a produzir a fruta com IG.

    Tendo em conta toda a produção da fruta nas quatro cidades, são colhidas 6,5 mil toneladas de morango por ano, o que representa 20% da produção estadual.

    No Paraná, o Valor Bruto da Produção (VBP) do morango foi de R$ 398 milhões em 2022, de acordo com o Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral). Em Jaboti, é a maior fonte de renda agropecuária do município, com VBP de R$ 47 milhões. O valor representa o dobro da segunda atividade mais rentável da cidade, o frango de corte, com R$ 21 milhões.

    Em Pinhalão, a produção da fruta movimentou R$ 19 milhões em 2022, em Japira, R$ 5,4 milhões no mesmo ano, e em Tomazina, R$ 2,3 milhões.

    Cadeia do morango

    A reputação da região impacta toda a cadeia produtiva do morango, mesmo para agricultores ou empresários que não trabalham com os produtos com o selo de Indicação Geográfica. Os morangos produzidos no Norte Pioneiro chegam a outros estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

    É o caso do empresário Osni Baum, proprietário da Baum Fruit, empresa de Jaboti que comercializa frutas in natura, congeladas e em polpa. A família dele foi uma das pioneiras no plantio de morango na região na década de 1990. Três décadas depois, a empresa desfruta da notoriedade que o morango deu para a região.

    “É importante, porque acaba tendo mais compradores interessados nas frutas. Ter a região como referência acaba facilitando a comercialização tanto para os produtores em geral, como para nós como empresa”, afirma.

    Para dar mais longevidade às frutas comercializadas pela família e chegar a compradores mais distantes, ele decidiu congelar os morangos. “A gente sofria muito com o morango que ficava muito maduro, que acabava não tendo mercado e que a gente tinha que vender muito barato. Por causa disso, eu comecei a vender o produto já congelado para dar mais valor ao produto”, contou o empresário.

    O processo industrial deu escala ao negócio, que atualmente comercializa cerca de 300 toneladas de morangos congelados anualmente. “Além disso, agregamos mais produtos ao portfólio, comercializando outras frutas e entregando no Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul”, completou.

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