O parlamentar Hamilton Mourão (Republicanos-RS) declarou nesta quinta-feira (25) que existe um movimento do “sistema” com o intuito de inviabilizar candidaturas de direita de parlamentares que irão concorrer às eleições municipais deste ano. A declaração foi feita após a operação da Polícia Federal realizada mais cedo, que teve como alvo o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro.
Ramagem é o segundo político aliado de Bolsonaro que pretende concorrer a uma prefeitura alvo de operação da PF. Na semana passada, o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) também teve mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal – ele é pré-candidato à prefeitura de Niterói (RJ).
Para o senador e ex-vice-presidente, a situação dos dois – que chamou a atenção em Brasília – é “inadmissível”.
“Inadmissível o que está acontecendo! Há poucos dias foi o Dep Jordy, agora os abusos atingiram o Dep Ramagem. Os dois são políticos de oposição, pré-candidatos a prefeito em cidades importantes”, disse Mourão.
Para ele, está “claro” que o “sistema” está atuando, mas sem explicar a quem se refere, “com ferramentas de um ‘estado policial’, que quer destruir alternativas políticas de direita e conservadoras”.
Mourão defendeu Ramagem e Jordy junto de outros parlamentares da oposição no Congresso, que classificaram as operações contra os dois deputados como “perseguição” e “desrespeito ao parlamento”.
Desde a semana passada, quando Jordy foi alvo da primeira operação – embora em uma investigação diferente da de Ramagem – os presidentes da Câmara e do Senado vêm sendo cobrados por uma providência, já que os agentes da PF conduziram mandados de busca e apreensão em gabinetes parlamentares.
Cada operação é informada previamente ao presidente da casa em que terá mandados executados – neste caso, Arthur Lira (PP-AL) foi informado pelos federais sobre a inspeção nos gabinetes de Jordy e Ramagem, para que agentes da Polícia Legislativa fossem designados para acompanhar as apreensões.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também saiu em defesa de Ramagem, tratando a operação como “implacável perseguição”. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, seguiu na mesma linha e disparou que a operação é uma “perseguição por causa do Bolsonaro”.
Segundo as investigações, um grupo de servidores da Abin monitorava ilegalmente celulares e tablets de servidores públicos, políticos, juízes, entre outros, utilizando o software FirstMile, comprado pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) ao final do mandato e utilizado até o terceiro ano do governo Bolsonaro.
A Abin informou que o programa deixou de ser utilizado em maio de 2021 e que atendeu a todas as solicitações feitas pela PF e pelo Supremo Tribunal Federal (STF).