Em uma sala cheia de agricultores, o antigo presidente Jair Bolsonaro (PL) fez na segunda-feira (29) a inauguração não oficial da 29ª Feira Agrícola, o maior evento tecnológico do agronegócio brasileiro, em Ribeirão Preto (SP).
A programação do evento foi ajustada para evitar que uma situação constrangedora similar à do ano anterior se repetisse, quando o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, foi “desconvidado” para o cerimonial inaugural no qual o antigo presidente estaria presente, numa tentativa de evitar conflitos com o setor agrícola, que é fortemente alinhado com Bolsonaro.
Desta vez, a inauguração oficial contou com a presença de Fávaro e do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, em uma cerimônia reservada no domingo (28), enquanto a inauguração “festiva” ocorreu na segunda-feira, com a presença de Bolsonaro, dos governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e vários ex-ministros do governo anterior.
Bolsonaro foi saudado por Tarcísio, que ressaltou que o governo anterior enfrentou desafios como a pandemia, crise hídrica e guerra na Ucrânia, e mesmo assim deixou um legado econômico e a aprovação de reformas. “A economia de hoje é fruto da inércia do que foi realizado em gestões passadas, principalmente pelo governo anterior”, destacou Tarcísio.
Em seu discurso, Bolsonaro enfatizou o legado de seu governo em obras e na luta contra a corrupção. Um dos exemplos mencionados foi o da Ceagesp, onde a situação encontrada era comparável a “um caso policial”, segundo ele.
“Recorri à Polícia Militar para buscar o ex-comandante da Rota, coronel Ricardo Mello Araújo, que realizou um trabalho lá, em que circulam 50 mil pessoas por dia. Havia todos os problemas das metrópoles, e ele solucionou todos, principalmente o da corrupção de forma gradual”, afirmou Bolsonaro.
O antigo presidente agradeceu às pessoas que realizaram Transferências Eletrônicas Disponíveis para auxiliá-lo com o pagamento de multas e com a defesa nos processos judiciais que tem enfrentado.
“Agradeço àqueles que fizeram TED para mim, nunca vi tanto dinheiro na minha vida. Isso me trouxe paz. Quase metade já foi gasto com advogados e algumas multas, mas está tudo indo muito bem”, frisou.
Ele mencionou a TED para recordar a mensagem que recebeu de um funcionário que empurrava carrinhos na Ceagesp, juntamente com o recibo de um depósito de R$ 100. “Para mim é uma quantia significativa, mas com os gestores anteriores eu pagava R$ 160 por mês para empurrar carrinhos na Ceagesp”, relatou o trabalhador, conforme contou o ex-presidente.
“Fechei o ralo da corrupção”, disse Bolsonaro, acrescentando que os recursos da usina de Itaipu possibilitaram a construção da segunda ponte com o Paraguai, o início de uma terceira ponte para o futuro corredor bioceânico, pavimentação da estrada transboiadeira e a ampliação do aeroporto de Foz do Iguaçu.
“Os portos agora são lucrativos. O porto de Santos passou de um prejuízo de R$ 500 milhões para um lucro de R$ 500 milhões, sem aumento na tarifa”, destacou. “Duvido que alguém se lembre do nome de cinco ministros do governo atual, seja por falta de competência ou por uma mínima integridade para ocupar um cargo tão importante”, provocou Bolsonaro.
Aclamado com os gritos de “volta Bolsonaro”, o antigo presidente salientou novamente o legado dos futuros líderes políticos.
“Caso eu não retorne um dia, fiquem tranquilos, plantamos sementes ao longo desses quatro anos que descobrimos que também têm a capacidade de conduzir adiante este grandioso país. Existem sementes mais antigas, mas com a habilidade de germinar e produzir bons resultados também”, brincou, ao lado do governador Ronaldo Caiado, de Goiás, que tem se posicionado como pré-candidato à Presidência da República. Ao seu lado também estava o governador Tarcísio, de Goiás, outra figura que geralmente é citada como possível candidato ao Palácio do Planalto.
*O repórter viajou a convite do pool de imprensa da Feira Agrícola
