sexta-feira, 5 julho, 2024
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    Ocorrência grave no RS intensifica disputa eleitoral entre governo e oposição


    A caravana promovida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), iniciada na segunda-feira (27), com o intuito de arrecadar contribuições para o Rio Grande do Sul, que foi atingido por fortes chuvas e inundações, é o sinal mais recente de que a oposição se mobiliza para competir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na busca pelo destaque no auxílio aos gaúchos.

    Durante a semana, Bolsonaro e o deputado Luciano Zucco (PL-RS) passarão pelos seguintes municípios de São Paulo: Rio Claro (28), Campinas (29), Jundiaí (30), São Bernardo (31) e Guarulhos (01). A presença do ex-chefe de Estado ocorre depois de ele ter ficado quase quinze dias hospitalizado devido a uma infecção na perna.

    Apesar de não contar com a estrutura do governo federal, a oposição entende que não deve permitir que o Palácio do Planalto domine a narrativa, bem como tenha o protagonismo nas ações políticas em favor do Rio Grande do Sul. No entanto, o grupo liderado por Bolsonaro deverá adotar uma estratégia mais cuidadosa, adiando a visita do ex-presidente ao estado para outra ocasião.

    A cautela ocorre após Lula ser alvo de críticas por “lançar” sua possível campanha antecipada para a reeleição em 2026. Durante sua visita ao estado em 15 de maio, o petista afirmou que pretende viver até os 120 anos e disputar mais dez eleições – mesmo que precise se locomover com o auxílio de uma bengala.

    “Eu quero viver até os 120 anos, vou demorar. Já falei para o cara lá de cima: não tenho interesse em partir. Preciso concorrer a umas dez eleições, mais uns 20 anos. O Lula de bengala competindo em eleições”, afirmou o presidente na ocasião.

    Segundo especialistas, a politização da calamidade é algo inevitável. Com a eleição municipal se aproximando, o governo visualiza uma oportunidade de amenizar a queda de popularidade registrada em várias pesquisas nos últimos meses. A mais recente, divulgada pela Paraná Pesquisas na última sexta-feira (24), apontou que 49,6% desaprovam a gestão de Lula, enquanto 46,2% aprovam. Outros 4,2% não têm opinião ou preferem não responder.

    A pesquisa da Paraná Pesquisas consultou pessoalmente 2.020 eleitores em 160 municípios entre os dias 27 de abril e 1º de maio. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%.

    Para o cientista político Elton Gomes, docente da Universidade Federal do Piauí (UFPI), a mobilização do ex-presidente decorre de seu papel político como principal figura da oposição. “Bolsonaro percebeu que não poderia apenas observar. Mesmo sem poder concorrer à Presidência da República, ele ainda desempenha um papel crucial como o principal líder político de oposição do país”, afirmou Gomes.

    Ele também destacou que parte das ações anunciadas pelo governo federal não têm conexão com a população, uma vez que se tratam de medidas fiscais relacionadas à burocracia do Rio Grande do Sul. Na visão de Gomes, isso também pode ser capitalizado por Bolsonaro.

    “Essas medidas anunciadas pelo governo federal, em sua maioria, não consistem em transferências diretas de recursos, mas sim em ajustes, adequações, antecipações de pagamentos, concessão de créditos, extensão de prazos, e outras medidas desse tipo. Portanto, Bolsonaro percebe nessas doações de mantimentos uma oportunidade de gerar uma publicidade positiva”, acrescentou.

    Em 2022, Bolsonaro venceu no RS e Lula conquistou Porto Alegre

    Mas qual a relevância do Rio Grande do Sul para Lula e Bolsonaro? Em termos eleitorais, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o estado é o quinto maior colégio eleitoral do país, com um total de 8.593.469 eleitores. Nesse contexto, PL e PT têm situações distintas.

    Em 2022, Bolsonaro obteve 56,35% dos votos no estado, o que corresponde a 3.733.185 votantes. Já Lula recebeu 43,65% dos votos válidos,2.891.851 do total de eleitores. Por outro lado, Lula foi o candidato mais votado em Porto Alegre. Na capital, o petista recebeu quase 438 mil votos, enquanto Bolsonaro fez 380,5 mil.

    O PL ficou em desvantagem no Legislativo federal e estadual em relação ao PT. Enquanto o partido de Lula fez seis deputados federais e 11 estaduais, a sigla de Bolsonaro elegeu quatro federais e cinco estaduais. Em relação às prefeituras, o PL atualmente lidera com 23 prefeitos. Já o PT possui 21 prefeituras.

    Desinformação e administração federal devem pautar embate entre PT e PL

    Seja na eleição municipal de 2024 ou na eleição de 2026, governo e oposição já indicam os discursos que poderão ser usados para atacar o adversário político. No caso do Palácio do Planalto, a suposta disseminação de desinformação sobre a ajuda ao Rio Grande do Sul é publicizada pela gestão petista como um dos motivos para o mau desempenho do governo.

    “Ainda tem muita desinformação contando mentira sobre o Rio Grande do Sul, desmerecendo as pessoas que estão trabalhando”, disse Lula em entrevista ao programa Bom Dia, Presidente, produzido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC). O governo chegou a pedir investigações à Polícia Federal contra a divulgação de desinformação sobre as enchentes. O pedido foi feito pelo então ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, em 14 de maio. Atualmente, Pimenta está à frente da Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul.

    Por outro lado, a oposição deve utilizar essa investigação como munição contra as ações do governo durante a gestão da calamidade no RS. Nesta terça-feira (28), a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados deveria ouvir Pimenta sobre os pedidos feitos à PF. No entanto, o ministro faltou à sessão alegando compromissos no estado.

    Diante da ausência de Pimenta e da resistência dos governistas em pautar uma convocação, a oposição no colegiado concordou com o adiamento do convite. O autor do pedido, deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP), também aceitou o acordo. A expectativa é de que Pimenta compareça à CCJ em 11 de junho.

    Para o cientista político Adriano Cerqueira, do Ibmec de Minas Gerais, o desempenho do governo na gestão da crise do Rio Grande do Sul será explorado nos próximos pleitos. A oposição deve atacar o governo Lula da mesma forma que o PT fez durante a gestão de Bolsonaro em relação à pandemia de Covid-19.

    “A dificuldade do governo federal de liderar nessa questão do Rio Grande do Sul tende a ser explorada pela oposição da mesma forma como ocorreu com a pandemia de Covid-19. Na época, a oposição acusou o governo Bolsonaro pela forma como lidou com a Covid-19. Claro que, nessa questão do Rio Grande do Sul, a situação é localizada”, disse Cerqueira.

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