Uma doença bacteriana conhecida como bronzeamento mortífero vem devastando cerca de 20 espécies de palmeiras no sul dos Estados Unidos nas últimas duas décadas. O fitopatógeno já está presente em países do Caribe e, em breve, poderá chegar ao Brasil.
Um estudo transportado pela bolsista de pós-doutorado da Fapesp Jordana Alves Ferreira, da Embrapa Meio Espaço, mostrou que as vegetais infectadas liberam altas concentrações de compostos voláteis capazes de alertar palmeiras saudáveis ao seu volta sobre uma provável ameaço.
Esses gases, descritos pela primeira vez na revista científica Plants, poderão ser usados na fabricação de insumos para tratar a infecção.
Como funciona o bronzeamento mortífero
O bronzeamento mortífero é causado pelo fitoplasma Candidatus Phytoplasma aculeata, que é transmitido para a vegetal pelo inseto-vetor Haplaxius crudus durante sua sustento.
A doença razão o ofuscamento das folhas, putrefação e morte da palmeira devido ao obturação do fluxo do floema (tecido pelo qual a suco é transportada).
Compostos voláteis alertam vegetais saudáveis
O estudo de Ferreira mostrou que as palmeiras infectadas liberam duas substâncias voláteis, o hexanal e o E-2-hexenal. Essas substâncias são detectadas por outras palmeiras saudáveis, que passam a liberar outros compostos voláteis, como o 3-hexenal e o Z-3-hexen-1-ol, sabidamente emitidos por vegetais sob estresse.
A informação entre as vegetais por meio de compostos voláteis é um fenômeno divulgado na natureza. No caso do bronzeamento mortífero, essa informação serve para alertar as vegetais saudáveis sobre a presença da doença.
Novos tratamentos para o bronzeamento mortífero
Os compostos voláteis liberados pelas palmeiras infectadas podem ser usados para desenvolver novos tratamentos para a doença. Uma possibilidade é a emprego desses compostos diretamente nas vegetais infectadas, usando a técnica conhecida como endoterapia vegetal.
A endoterapia vegetal é um método de emprego de produtos fitossanitários diretamente dentro da vegetal, através de injeções ou incisões. Essa técnica permite que os produtos cheguem aos tecidos internos da vegetal, onde a doença está localizada.
Estudos adicionais ainda são necessários
Apesar da invenção de Ferreira, estudos adicionais ainda são necessários para detalhar a produção dos compostos voláteis pelas palmeiras infectadas. No entanto, a pesquisa abre caminho para uma série de possibilidades de tratamentos para vegetais na lavra.
Solução procedente e de largo uso
A invenção de Ferreira é importante porque oferece uma solução procedente e de largo uso para o bronzeamento mortífero. Nos Estados Unidos, especificamente, a grande vantagem seria ter à mão uma substância procedente seleção ao antibiótico sintético tradicionalmente utilizado, que pode provocar problemas ambientais.
Além do bronzeamento mortífero, os compostos voláteis liberados pelas palmeiras infectadas podem ser testados para outras aplicações na lavra, como o tratamento de outras doenças em vegetais perenes.
