Representantes do PT argumentaram que os registros atribuídos ao tenente-coronel Mauro Cid não descaracterizam as evidências obtidas pela Polícia Federal. A líder nacional do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PR), mencionou que o ex-auxiliar de Jair Bolsonaro (PL) tentou agir de forma ambígua. Ela apoiou a atuação da PF nas apurações.
Na noite de quinta-feira (21), a revista Veja divulgou áudios nos quais Cid relata ter sido pressionado em depoimentos e critica o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Após a repercussão, Moraes ordenou a prisão de Cid novamente por desrespeitar medidas cautelares.
“Nesse ponto, o ex-auxiliar de ordens tentou agir de forma ambígua, mas se esqueceu que teve celulares, computadores e documentos apreendidos com as evidências dos delitos praticados por ele e seu superior. Conforme ele mesmo disse nos áudios, enquanto Bolsonaro enriqueceu com Pix, Cid acabou sendo mais um abandonado pelo inelegível”, afirmou Gleisi na plataforma X nesta sexta-feira (22).
A parlamentar destacou que a PF está agindo dentro dos trâmites legais. Para Gleisi, “Bolsonaro critica a PF por temer ser preso”. Ela declarou que os apoiadores do ex-presidente “atacam a instituição e tentam, de todas as maneiras, desacreditar os depoimentos que revelam suas tramas golpistas”.
“A Polícia Federal, na gestão Lula, está resgatando a credibilidade da instituição, com comprometimento e ações em conformidade com a lei, tanto no enfrentamento ao crime organizado quanto nas investigações judiciais. Já passou o tempo das exposições públicas dos investigados, dos vazamentos seletivos, das operações midiáticas e dos delegados em evidência”, reforçou a líder do PT.
O senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou que “os crimes delatados por Cid foram confirmados”. A colaboração do militar foi utilizada pela PF para embasar ordens de prisão e de busca e apreensão na Operação Tempus Veritatis, que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado. Ademais, os relatos do ex-auxiliar de ordens foram considerados na decisão da PF de acusar Bolsonaro e outras 16 pessoas no caso dos certificados de vacinação.
“O discurso que ele faz para o público em geral não altera em nada a tentativa de golpe. Que ele assuma as consequências de mais uma vez agir contra a lei, tentando obstruir a Justiça e desrespeitando medidas cautelares”, defendeu Costa no X. O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) declarou que Cid “está se fazendo de vítima para tentar escapar da pecha de traidor do bolsonarismo”.
“Sua delação foi confirmada por dirigentes do Exército, Freire Gomes, e da Aeronáutica, Baptista Jr, que corroboraram reuniões golpistas com a cúpula militar e a existência de um esboço de golpe. Não adianta ele tentar atacar levianamente a PF e Alexandre de Moraes”, afirmou Farias. O deputado ressaltou que os áudios vazados evidenciam o “desespero” do tenente-coronel em criar uma “narrativa política” para Bolsonaro.
O deputado Carlos Veras (PT-PE) acredita que os áudios devem “dificultar ainda mais a situação do ex-auxiliar de ordens”. Veras salientou que a delação foi homologada porque a PF dispõe de provas suficientes para corroborar os relatos. “Sobre os áudios ‘vazados’ de Mauro Cid: apesar do empenho do redator em produzir um texto verossímil, os áudios devem dificultar ainda mais a situação do ex-auxiliar de ordens, que pode ter rompido seu acordo de delação premiada. Ele fornece informações para alimentar os seguidores de Bolsonaro e suas narrativas de perseguição”, disse o político.
“Porém, a verdade é que a delação foi homologada porque a PF conta com outras provas que confirmam o que Mauro Cid disse. E esses elementos já foram integrados à investigação. Portanto, não adianta retroceder, é como diz o ditado popular: quem corre, o bicho pega; quem fica, o bicho come. Essa turma golpista será toda responsabilizada”, acrescentou Veras.