Arthur Lira, que ocupa a presidência da Câmara, deu aval para a realização de uma cerimônia especial nesta quarta-feira (28) em honra aos 40 anos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A bancada do agronegócio se posicionou de forma contrária à decisão e apresentou uma manifestação de repúdio às ações praticadas pelo grupo.
“O MST tem sido responsável por invasões ilegais de propriedades rurais, destruição de plantações e infraestrutura, além de incitar a violência e o conflito no campo”, relata o requerimento apresentado pelo presidente da Frente Parlamentar da Invasão Zero, deputado Zucco (PL-RS).
A frente foi estabelecida após o término da CPI do MST, presidida por Zucco. A comissão investigou o aumento de invasões de terras pelo MST no primeiro ano do novo governo Lula. Os trabalhos da CPI foram finalizados em setembro do ano passado, sem a aprovação do relatório final, elaborado pelo deputado Ricardo Salles (PL-SP).
A manifestação de repúdio recebeu o apoio da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). No texto, Zucco destaca que “o movimento, que afirma lutar pela reforma agrária e pela justiça social, na verdade, tem demonstrado um desrespeito flagrante pela lei, pela propriedade privada, pelo estado de direito, e até mesmo pela vida humana”.
Zucco classificou como um “escárnio” a cerimônia especial em homenagem ao grupo. “Essa homenagem é um escárnio e uma afronta a todos os homens e mulheres do campo, os verdadeiros responsáveis por alimentar o Brasil e o mundo. Nosso compromisso é com o respeito ao direito de propriedade, cláusula pétrea de nossa Constituição”, declarou o deputado, em comunicado.
A Frente Parlamentar da Invasão Zero, a FPA e os parlamentares de oposição convocaram uma coletiva para a manhã desta quarta (28) em repúdio à cerimônia especial em homenagem aos 40 anos do MST.
O pedido para a realização da cerimônia em honra ao MST foi apresentado pelos parlamentares do PT: Valmir Assunção (BA), Marcon (RS), João Daniel (SE) e Odair Cunha (MG). “O MST, sem dúvidas, é o maior movimento social da América Latina. É uma expressão concreta do exercício democrático, em que há a organização popular para o cumprimento de um direito garantido pela Constituição Federal, através dos artigos 184 e 186 que tratam das competências da união no que tange a reforma agrária”, destacaram os parlamentares.
Em comunicado, o movimento confirmou a presença dos ministros Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Sônia Guajajara (Povos Indígenas), o embaixador de Cuba no Brasil, Rolando Antonio Gómez González, o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Preto, e integrantes do Ministério de Saúde.