O PIB da China registrou um crescimento de 5,2% em 2023, levemente ultrapassando a meta oficial estabelecida. Entretanto, a economia chinesa apresentou uma recuperação mais instável do que o previsto por muitos analistas e investidores.
Isso ocorreu devido à severa crise no mercado imobiliário, ao aumento dos riscos de deflação e ao enfraquecimento da demanda, lançando assim uma sombra sobre as perspectivas para 2024. As expectativas de uma forte recuperação após a pandemia da covid-19 se desfizeram ao longo de 2023.
Isso se deu em decorrência da frágil confiança dos consumidores e das empresas, do aumento das dívidas dos governos locais e da desaceleração do crescimento global.
De acordo com a mais recente pesquisa da China Beige Book International divulgada nesta quarta-feira, 17, “a recuperação da covid-19, por mais decepcionante que tenha sido, chegou ao fim”. A empresa coletora de dados afirmou: “Qualquer verdadeira aceleração (este ano) dependerá ou de uma grande surpresa positiva no âmbito global ou de uma atuação mais ativa por parte do governo”.
Diversas leituras econômicas feitas no início desta quarta-feira sugeriram que a economia perdeu força ao entrar em 2024, apesar das várias medidas de apoio adotadas pelo governo.
No último trimestre de 2023, o PIB da China cresceu 5,2%, segundo dados do Escritório Nacional de Estatísticas (NBS) chinês. Enquanto no terceiro trimestre do ano passado, a economia teve uma expansão de 4,9%.
Em termos trimestrais, porém, o PIB do país cresceu apenas 1%, representando uma diminuição em relação ao ganho de 1,5% do trimestre anterior.
Alguns indicadores de dezembro, divulgados juntamente com os dados do PIB da China, mostraram-se mais sombrios, sugerindo que a prolongada crise no mercado imobiliário do país está se agravando, apesar dos esforços do governo para sustentar o setor.
Outros dados do último mês indicaram que o crescimento das vendas no varejo desacelerou, embora o investimento tenha permanecido fraco, com apenas leve melhora na produção industrial.
Os formuladores de políticas econômicas esperam que Pequim mantenha uma meta de crescimento semelhante, em torno de 5%, para 2024. Contudo, os analistas afirmam que essa meta pode ser difícil de ser atingida, mesmo com estímulos adicionais.
Problemas cíclicos, como a crise imobiliária, estão se chocando com questões estruturais profundas, como a excessiva dependência de investimentos financiados por dívidas e de infraestrutura, em vez de medidas para ampliar e aprofundar o consumo.
Kang Yi, o diretor atual do Escritório Nacional de Estatísticas (NBS) | Foto: Reprodução/China.com.cn
O diretor do NBS, Kang Yi, declarou em uma coletiva de imprensa em Pequim que o crescimento da China em 2023 foi “arduamente conquistado”. Ele acrescentou que a economia enfrenta um ambiente externo complexo e uma demanda insuficiente em 2024.
As ações da Bolsa de Valores da China (Shanghai Stock Exchange), que atingiram preços mínimos em cinco anos, despencaram após a divulgação dos últimos dados decepcionantes.
Além disso, as empresas chinesas listadas em Hong Kong também sofreram queda, enquanto o yuan se desvalorizou.
Recentemente, a moeda chinesa tem enfrentado pressões, à medida que aumentam as expectativas do mercado de que serão necessários mais cortes de juros e outras medidas de apoio.
“Atualmente, o nível de endividamento do governo do nosso país e a taxa de inflação encontram-se baixos”, afirmou Yi, diretor do NBS.
“A caixa de ferramentas de políticas está sendo constantemente enriquecida. Políticas fiscais, monetárias e outras têm espaço relativamente amplo para manobras, e existem condições e espaço para intensificar a implementação de políticas macroeconômicas.”
