O Soja Brasil participará da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2023 (COP28). Em decorrência dessa participação, o sexto episódio do Programa Soja Brasil destacou as discussões relacionadas ao Projeto de Lei 412/2022, que busca regular o mercado de carbono.
O advogado André Bejin Pirajá relata que o texto apresenta uma diretriz para restringir as emissões de gases causadores do efeito estufa por setor.
“No Senado, o agro foi excluído entre os setores regulamentados e que teriam de restringir as emissões, mas tanto o governo quanto os ambientalistas desejam reincorporar o agro nesse PL na Câmara dos Deputados”.
“Produtor já gera créditos de carbono”
O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Antônio Galvan, destaca que o produtor rural possui créditos de carbono em virtude de possuir reservas legais e Áreas de Preservação Permanente (APPs) em suas propriedades, além de adotar práticas sustentáveis em seu cultivo.
“Nossa principal preocupação quando se aborda o tema do projeto de carbono é quem irá regular isso? Por isso manifestamos posicionamentos contrários: a legislação não é clara”, afirma. “Nossas reservas já produzem créditos de carbono de maneira mais do que comprovada, então precisa constar na legislação que temos o direito de receber.
Pirajá adiciona uma preocupação do setor: quem irá monitorar essa regulação e a que custo. “Não é necessário regular o agro, visto que a própria implementação do mercado de carbono no Brasil acarretará um aumento nos custos de produção, pois todos terão que se adaptar a essa suposta economia verde. Considerando que nós [o agro] somos os maiores credores de carbono em decorrência da preservação das florestas, talvez o interesse dos países estrangeiros seja comprar nossos créditos”.
Galvan ressalta que a Aprosoja está empenhada, em conjunto com a Frente Parlamentar de Agricultura e Pecuária (FPA) para evitar que a legislação seja aprovada da forma como está proposta.
Produção de soja em Rio Verde
Essa etapa também apresentou uma parte da Expedição Soja Brasil pelo país. Dessa vez, a equipe desembarcou em Rio Verde, Goiás, o segundo município que mais produz a oleaginosa no país, ficando atrás apenas de Sorriso, em Mato Grosso.
Lá, o excesso de calor tem impactado as plantações de soja. O produtor Ivan Brucceli, por exemplo, relata que as plantas estão tombando devido às altas temperaturas. “Cheguei até a ver duas plantas caírem por metro”. Ele aproveitou a chuva de setembro para plantar a lavoura, mas não previa os longos períodos de seca que viriam em seguida.
“Já observei uma redução de cerca de 20% no potencial produtivo. Algumas áreas de plantio convencional, em que o produtor fez aceiro, já estão passando por replantio”, relata.