Especialistas da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) indicam o aproveitamento da variedade de capim-elefante BRS Capiaçú como opção de forragem produtiva viável e nutritiva para o rebanho, em períodos de seca, devido à sua ampla resistência à falta de água.
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A produção de alimento para bovinos em épocas de seca é um desafio constante para criadores no Brasil, que necessitam elaborar um planejamento alimentar e selecionar tipos de capim apropriados com antecedência, para assegurar seu crescimento durante o período chuvoso.
Criada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em 2016, a BRS Capiaçú tem sido indicada para regiões de clima tropical e subtropical, devido aos seus altos índices de produção, mesmo em momentos de escassez de água, podendo atingir 300 toneladas por hectare ao ano.
Além disso, as plantas possuem touceiras eretas e densas, o que proporciona tolerância ao tombamento, facilitando a colheita mecânica. A variedade é recomendada tanto para o fornecimento verde direto no cocho quanto para a ensilagem, procedimento no qual a forragem é cortada, compactada e vedada, para que ocorra fermentação e, assim, a conservação de suas propriedades nutricionais.
“Outro aspecto relevante da BRS Capiaçú é sua fibra de melhor qualidade em comparação com outras variedades de capim-elefante, resultando em um melhor desempenho animal”, aponta a pesquisadora da Epamig Karina Toledo. “Ela também apresenta um teor mais elevado de carboidratos solúveis, favorecendo seu uso verde no cocho dos bovinos”, completa.
Testes na Epamig Atualmente, a Epamig está realizando estudos para avaliar a produtividade, valor nutricional, diferentes momentos de corte e métodos mais eficazes de ensilagem da BRS Capiaçú.
“Estamos experimentando diferentes alturas de corte e inclusões de fubá de milho como aditivo sequestrante de umidade. Esses aditivos absorvem a água presente no material a ser ensilado, aumentando o teor de matéria seca, o que melhora a fermentação e reduz possíveis perdas durante o processo de ensilagem”, detalha a pesquisadora Fernanda de Kássia Gomes, também da empresa.
De acordo com ela, a equipe do Campo Experimental Santa Rita, localizado em Prudente de Morais, iniciou, nos últimos meses, a coleta de materiais para o projeto, provenientes de uma Unidade Demonstrativa de BRS Capiaçú estabelecida no local.
“É importante mencionar que, graças a essa Unidade Demonstrativa, também conseguimos fazer doações de mudas para alguns produtores da região, que nos deram um retorno muito positivo”, comenta Fernanda.
Aceitação entre os produtores
O criador de gado e engenheiro agrônomo, José Arnaldo Cardoso Pena, foi um dos produtores que adotou o uso da BRS Capiaçú em sua fazenda, em Sete Lagoas. Há três anos, ele utiliza a variedade como forragem para os animais de seu rebanho, que conta com aproximadamente 650 cabeças de gado. Ele destaca a produtividade significativa da variedade e a boa aceitação por parte dos animais.
“Atualmente, cada corte da BRS Capiaçú gera mais de 50 toneladas por hectare, quase o dobro do que eu produzia com a Napier, variedade de capim-elefante que usávamos anteriormente”, revela o produtor.
“Foi uma tecnologia de grande impacto, porque o perfilhamento das plantas e a performance dos animais também têm sido superiores. As entidades de pesquisa, como a Embrapa e a Epamig, têm nos ajudado bastante a alcançar maior produtividade, com resultados e custos melhores”, conclui José Arnaldo.
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