sexta-feira, 5 julho, 2024
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    PT aumenta a intensidade contra Embaixada de Israel e amplia desgaste na relação

    Apesar das tentativas do Ministério das Relações Exteriores em conter as tensões na relação entre Brasil e Israel, afirmações feitas por integrantes do Partido dos Trabalhadores (PT) podem abalar o vínculo entre as duas nações. Nos últimos dias, membros da legenda criticaram o embaixador israelense no Brasil, Daniel Zonshine, após sua reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro no Congresso Nacional nesta semana.

    “Novamente o embaixador de Israel no Brasil intrometeu-se indevidamente na política interna de nosso país, em um ato público com o inelegível Jair Bolsonaro, realizado em pleno Congresso Nacional”, escreveu a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, em sua conta no X, antigo Twitter.

    O senador Humberto Costa (PT-PE) e a primeira-dama, Rosângela Silva, a Janja, também utilizaram as redes sociais para comentar sobre o mal-estar entre o embaixador e o governo brasileiro.

    Como mencionado, o desconforto do governo petista com o embaixador teve novos desdobramentos nesta semana, após Bolsonaro marcar presença no Congresso Nacional, junto a parlamentares, para assistir a um vídeo exibido pela Embaixada de Israel.

    A representação do país no Brasil convocou deputados e senadores para assistirem a um compilado de imagens gravadas por câmeras encontradas com o Hamas. O conteúdo mostra os ataques cometidos pelo grupo terrorista em 7 de outubro, quando teve início o conflito no Oriente Médio.

    “A aliança questionável entre Bolsonaro e o embaixador de Israel é ainda mais condenável porque envolve a segurança e a vida de cidadãos brasileiros mantidos sob cerco e ameaça no massacre militar na região da Faixa de Gaza. O tempo da subserviência acabou junto com o mandato de Jair Bolsonaro, que prestava continência para a bandeira dos Estados Unidos e fez do Brasil um pária entre as nações”, escreveu Gleisi Hoffmann em seu perfil no X.

    Antes disso, o serviço de segurança israelense, o Mossad, informou que havia auxiliado o Brasil nas investigações que terminaram na prisão de dois brasileiros suspeitos de integrarem o grupo terrorista Hezbollah. Mas o ministro da Justiça, Flávio Dino, criticou as alegações da organização e disse que “nenhuma força estrangeira manda na Polícia Federal”.

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a diplomacia brasileira não comentaram sobre os recentes acontecimentos. Fora apurado que, devido ao momento de guerra e em razão dos brasileiros que ainda estão presos em Gaza, o Palácio do Itamaraty não quer causar um estresse ainda maior com o governo israelense. As declarações feitas pelo PT, contudo, podem acabar saboteando essa estratégia e contribuem para o desgaste entre os dois países.

    Ainda nesta sexta (10), Gleisi Hoffmann voltou a se pronunciar e fazer críticas ao embaixador. “É deplorável a maneira como Bolsonaro e seus aliados tentam se aproveitar do drama dos brasileiros (as) ameaçados pelo massacre da população civil de Gaza […] Ciro Nogueira vem mentir que Jair Bolsonaro teria negociado sua libertação com o embaixador de Israel no Brasil. Se isso fosse verdade, seria uma confissão de que os brasileiros foram tratados como reféns de uma articulação política entre Bolsonaro e o embaixador de Israel”, declarou no X.

    Relação entre os dois países: PT pode ter incitado o desgaste

    Apesar dos recentes acontecimentos, a relação entre os dois países está tensa desde o início da guerra no Oriente Médio, no mês passado. Defensor da coexistência do Estado palestino e do Estado de Israel, Lula sempre demonstrou simpatia pela causa palestina. Além disso, o petista também fez afirmações contraditórias sobre o Hamas — grupo terrorista que controla a Faixa de Gaza desde 2006.

    Durante o mês de outubro, enquanto presidia o Conselho de Segurança das Nações Unidas, o Brasil tentou aprovar uma resolução para a guerra considerada “moderada” aos olhos de Israel e dos Estados Unidos, principal defensor do Estado israelense. O documento foi vetado por Washington, que alegou ser inaceitável aprovar uma resolução que não assegurasse o “direito de autodefesa de Israel”.

    O fato de o Brasil não considerar o Hamas uma organização terrorista sempre causou desconforto em Israel. Em entrevista, Daniel Zonshine disse que achava “estranho” o país não considerar o Hamas um grupo terrorista. O Itamaraty alegou que segue a determinação da ONU para proclamar grupos como terroristas e, devido ao fato da organização não considerar o Hamas como tal, o Brasil também não o faria.

    Após as declarações dadas, Zonshine foi convocado a ir até o Itamaraty. O ato não é bem visto diplomaticamente e pode ser interpretado como um momento para um “puxão de orelha”. Após a convocação, o embaixador adotou um tom mais moderado ao falar sobre o Brasil e o conflito. Essa postura, contudo, parece ter sido deixada de lado após as declarações do PT contra Israel. Em notas divulgadas pelo partido, a legenda chegou a dizer que o país cometia “genocídio” contra o povo palestino.

    Nos últimos dias, após a prisão dos brasileiros ligados ao Hezbollah, Zonshine chegou a dizer que se a organização escolheu fazer ataques no Brasil “é porque tem gente que ajuda”. Após as recentes declarações, a base governista do presidente Lula chegou a pedir a remoção de Zonshine do posto de embaixador de Israel no Brasil, alegando inclusive que ele poderia ser o responsável pelo atraso da retirada dos brasileiros de Gaza.

    Essa insinuação, contudo, foi descartada por Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores. Em entrevista à Globo News nesta sexta-feira (10), o chanceler brasileiro informou que a saída dos brasileiros ainda não aconteceu porque a passagem está fechada desde a última quarta-feira (8). Disse ainda que a suspeita de que Israel estaria “atrasado” a passagem “é infundada”. “A informação de que Israel poderia estar retaliando os brasileiros em Gaza é infundada, não há nenhuma relação. Inclusive, já saíram nacionais de países que não têm relações diplomáticas, que não reconhecem o Estado de Israel. Não tem fundamento essa informação”, disse o chanceler.

    Encontro com Bolsonaro também causou desconforto para Israel

    Os últimos acontecimentos também não foram bem vistos pelo governo de Israel. Após a repercussão dos últimos dias, a representação do país no Brasil divulgou uma nota, nesta sexta-feira (10), esclarecendo que não havia convidado o ex-presidente para assistir ao filme no Congresso Nacional.

    “A reunião de ontem no Congresso Nacional teve como intenção mostrar, como foi feito aos jornalistas brasileiros, as atrocidades de 7 de outubro cometidas pelos terroristas do Hamas. Convidamos parlamentares e apenas parlamentares. A presença do ex-presidente não foi coordenada pela Embaixada de Israel e não era de nosso conhecimento antes do evento, ocorrendo de forma fortuita”, informou a nota.

    Após o encontro entre Bolsonaro e Zonshine, apoiadores do ex-presidente afirmaram que ele teria conversado com a Embaixada para tentar negociar a liberação dos brasileiros que estão na Faixa de Gaza — o que causou um desconforto ainda maior na base governista. Enquanto membros do governo e parlamentares de esquerda citaram o ocorrido, elencando as providências de Lula para repatriar os brasileiros em Gaza, o presidente preferiu não comentar sobre o assunto.

    A diplomacia brasileira também adotou a mesma postura de Lula. Nesta sexta-feira (10), contudo, o ministro das Relações Exteriores, alfinetou o embaixador de Israel no Brasil durante entrevista à Globo News. Questionado se o encontro Zonshine e o ex-presidente, Vieira respondeu que “não conversa com o embaixador aqui, mas com o chefe dele, o ministro das Relações Exteriores”.

    O ministro disse que não comentaria sobre o encontro e que só poderia responder a “fatos concretos em contatos oficiais, de governo a governo”. Vieira ainda afirmou tem feito contatos constantes com o governo de Israel e que foi orientado pelo presidente Lula a manter esses contatos “para viabilizar essa saída [dos brasileiros localizados em Gaza]”.

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