Recentemente, grandes empresas de tecnologia optaram por interromper suas campanhas publicitárias na plataforma X (antigo Twitter) depois que o magnata Elon Musk endossou uma postagem de conteúdo antissemita, ao mesmo tempo em que anúncios das empresas foram exibidos junto a conteúdos relacionados ao nazismo.
Empresas de tecnologia que pararam de anunciar na rede social incluem Apple, Amazon e IBM. Estúdios de Hollywood e empresas do setor de entretenimento também tomaram essa decisão, como Disney, Comcast, Warner Bros Discovery, Paramount Global e Lions Gate Entertainment.
Endosso de Musk a comentários antissemitas
Elon Musk sempre causou controvérsia na comunidade judaica com declarações e atitudes discriminatórias. No entanto, na quarta-feira passada (15), o apoio de Elon Musk a uma publicação com conteúdo antissemita desencadeou a saída dos anunciantes.
O empresário concordou com uma postagem que alegava que as comunidades judaicas são responsáveis pelo “ódio dialético contra os brancos” e fornecem apoio às “hordas de minorias” que estão “inundando” o país para substituir os brancos. O conteúdo da mensagem segue as teorias conspiratórias dos supremacistas brancos nos Estados Unidos.
Em resposta à postagem, Musk afirmou que o autor “falou a pura verdade”, o que causou grande repercussão em diversas esferas. Representantes de comunidades judaicas, da Liga Anti-Difamação (ADL) e até da Casa Branca condenaram os comentários do empresário.
Musk ainda tentou se retratar ao afirmar que a declaração “não se estende a todos os judeus”. Em seguida, acusou a ADL de “atacar injustamente a maioria do Ocidente, apesar de a maioria do Ocidente apoiar o povo judeu e Israel”.
Anúncios vinculados a conteúdos nazistas
Na quinta-feira (16), um novo episódio levou à retirada de grandes anunciantes da plataforma. Um relatório divulgado pela organização sem fins lucrativos Media Matters for America apresentou uma seleção de anúncios exibidos ao lado de conteúdos nazistas.
Os materiais incluem memes que retratam o nazismo como um “despertar espiritual”, além de citações de Adolf Hitler. O relatório mostra casos com anúncios de empresas como Apple, Bravo, Oracle, Xfinity e IBM.
No mesmo dia, a CEO do X, Linda Yaccarino, declarou na plataforma que a empresa é “extremamente clara sobre os esforços para combater o antissemitismo e a discriminação” e que “não há lugar para isso em nenhum lugar do mundo — é feio e errado. Ponto final”.
A declaração da executiva não conseguiu evitar que as empresas retirassem seus anúncios da rede social. Ainda na quinta-feira, a IBM emitiu um comunicado afirmando que “tem tolerância zero com discurso de ódio e discriminação” e decidiu suspender “imediatamente toda a publicidade no X enquanto investigamos esta situação totalmente inaceitável”.
Na sexta-feira, outras empresas seguiram a IBM e anunciaram a suspensão dos anúncios — incluindo a Apple, que é supostamente a maior anunciante da plataforma, com gastos de quase US$ 50 milhões no primeiro trimestre de 2022.
A interrupção dos anúncios pelas grandes empresas no X pode complicar ainda mais o valor da rede social e seus planos de monetização. No final de outubro, Musk revelou que a plataforma teve uma desvalorização de 55% em um ano e agora é avaliada em US$ 19 bilhões.
