sexta-feira, 5 julho, 2024
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    Resenha Mercedes-Benz EQA 250 | Utilitário esportivo elétrico agrada, porém preço é inadequado


    Lançado no desfecho de 2022, o Mercedes-Benz EQA 250 é, na realidade, a versão elétrica do GLA, que é o modelo de entrada da montadora alemã. A fabricante já havia prometido que suas futuras gerações de veículos seriam totalmente elétricas; agora tal promessa começa a se concretizar.

    Ao testar o automóvel um tempo após seu lançamento, nossas expectativas foram influenciadas pela opinião de alguns colegas, mas nada supera a convivência integral com o carro para realizar conclusões mais profundas sobre ele.

    Além de testar o carro e relatar o que funcionou ou não, buscamos compreender qual é o papel desempenhado pelo EQA 250 no mercado. A Mercedes-Benz tem planos sólidos de eletrificação, mas sua atuação no Brasil permanece nebulosa e a chegada desse e de outros modelos ainda não esclarece as coisas de maneira precisa.

    A verdade é que o Mercedes-Benz EQA 250 dá a sensação de ter sido lançado apressadamente e de agradar pelo simples fato de ser um Mercedes. Há traços da marca aqui, mas algumas falhas específicas prejudicam o que poderia ser uma disputa interessante contra Volvo e outras marcas do gênero.

    Conectividade, Proteção e Tecnologia

    O ponto forte do Mercedes-Benz EQA 250 está no conjunto tecnológico, que o coloca em posição de competir com os demais concorrentes no mercado de SUVs elétricos. Não temos do que reclamar em praticamente nenhum aspecto da convivência com esse carro nesse sentido.

    Assim como os demais modelos da montadora alemã à venda no Brasil, o EQA 250 vem com o MBUX, um sistema operacional interno do pacote de entretenimento que proporciona experiências realmente inteligentes dentro do carro. Esse recurso conta, por exemplo, com a ajuda de uma inteligência artificial para executar comandos no carro, como ajuste de temperatura, troca de músicas, seleção da cor ambiente, solicitação de trajeto no GPS e assim por diante.

    A interface é a mesma que estamos acostumados a ver nos demais Mercedes, superintuitiva e com fluidez acima da média no mercado. Depois de testar tantos carros da marca, podemos dizer que se trata do melhor sistema operacional para carros, com exceção do Android Automotive.

    O espelhamento com celulares é feito apenas com fio e há a colaboração com um som de excelente qualidade assinado pela Burmester. No entanto, o ponto fraco no caso do EQA está no aproveitamento da tela. Por mais que a resolução e os recursos sejam excelentes, sentimos que o display poderia ser mais bem preenchido com o Android Auto, por exemplo.

    Outro aspecto que chama a atenção nesse sistema de entretenimento do EQA é o controle da interface. Além da tela touch, existem comandos disponíveis no volante e também em um touch pad localizado no console central. A ideia é interessante, mas nada prática. Já existem carros da Mercedes que dispensaram esse recurso, pelo menos na peça do console. É válido ressaltar que o uso no volante, por vezes, é até incômodo.

    No campo da segurança, o EQA 250 se destaca. Ele vem com um sistema ADAS completo equipado com alerta de colisão frontal com detecção de pedestres, ciclistas e medição de distância para obstáculos, frenagem automática de emergência, piloto automático adaptativo com função stop & go, alerta de ponto cego com tráfego cruzado traseiro, sistema de permanência em faixa com correção, sistema de direção semiautônoma com esterçamento automático, assistente de estacionamento semiautônomo e comutação automática do farol alto.

    O funcionamento de todos esses recursos se mostrou eficiente e com calibração adequada para as nossas ruas, que são repletas de motociclistas e pessoas com sérias dificuldades para conduzir nosgrandes polos. Pelo menos nesta parte, a transformação do GLA para EQA está muito bem executada e abrangente.

    Sentimos falta de alguns detalhes, mas que não prejudicam a experiência. Um sistema de assistente pessoal já poderia ter sido incluído pela Mercedes, assim como a conexão 4G nativa, disponível no ponto de referência desse nicho, que é o Volvo XC40.

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    Experiência de uso e Conforto

    Não podemos, em nenhuma circunstância, dizer que a experiência a bordo do Mercedes-EQA é ruim — muito pelo contrário. Estamos diante de um bom carro elétrico, que cumpre muito bem sua função de ser um veículo confortável, silencioso, dinâmico, ágil e competente para o uso urbano e rodoviário, mas, confesso que esperava mais em se tratando de um Mercedes e o problema está no trem de força.

    Em automóveis elétricos, a sensação de acelerar e sentir o carro é bastante semelhante entre os diversos modelos das várias marcas, portanto, se alguém consegue se destacar positivamente, como o irmão Mercedes-AMG EQS, a situação muda completamente. Aqui no EQA, tudo foi meio sem brilho.

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    O SUV vem apenas com um motor elétrico dianteiro de 190cv e 38,2 kgf/m de torque, tudo chegando de forma imediata quando o carro está com o modo Sport ativado. O desempenho não incomoda, efetivamente, com um 0 a 100 km/h feito em 8,9s. Pelo peso de 2.040kg, até que é satisfatório. Mas, ao olhar para concorrentes de marcas premium, a diferença é considerável e o preço pago por cada cavalo (cv) é elevado aqui no EQA.

    O ajuste da suspensão, por sua vez, é direcionado ao conforto, mas leve demais em se tratando de um Mercedes. A montadora é conhecida por seu conforto extremo, mas sem perda de dirigibilidade. Em alta velocidade, o EQA não transmite uma sensação das mais agradáveis. Tudo bem, ele não é um modelo esportivo, mas, novamente, os padrões nesse nicho são altos. No GLA, isso tudo é bem diferente, já que o SUV é reconhecido por seu conforto e prazer em dirigir.

    Já a autonomia merece todos os elogios. Equipado com uma bateria de 66,5 kWh com fabricação própria da Mercedes, o EQA consegue percorrer até 496km no ciclo WLTP e 300km no Inmetro. No nosso uso, porém, rodamos 400km e ainda havia 68km de bateria, mesmo pegando estrada.

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    Isso é possível graças ao excelente sistema de regeneração do conjunto, que pode ser controlado manualmente pelo motorista com as aletas no volante ou freios, ou simplesmente pelo carro, que vai fazendo as paradas conforme o carro à frente de modo muito natural e eficaz.

    Vale destacar, também, o excelente espaço interno. O EQA é um SUV compacto, mas as medidas são semelhantes às de um Jeep Compass, com seus 4,46m e entre-eixos de 2,72m (esse, bem superior ao Jeep). Na prática, uma família grande pode conviver com esse carro sem maiores problemas, superando, inclusive, modelos até maiores, como o BMW iX1. O porta-malas é outro ponto positivo, com 340 litros.

    Em termos de recursos para o conforto, o Mercedes-Benz EQA está bem servido. Há a conhecida cromoterapia, que seleciona luzes ambientes para te ajudar a relaxar ou a ativar seus sentidos para uma condução mais acordada, além de outros recursos mais triviais, como o ar-condicionado digital e dualzone, ajustes elétricos dos bancos dianteiros, retrovisor interno eletrocrômico, sensores de estacionamento, rebatimento elétrico dos retrovisores externos, câmera de ré, sistema Auto Hold e abertura elétrica do porta-malas.

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    Design e Acabamento

    Dois dos pontos em que o Mercedes-Benz EQA mais se sobressaem são justamente o design e o acabamento. Por mais que o carro seja derivado de um modelo já existente, aqui ele tem personalidade própria e isso é bem positivo, se tornando um diferencial perante à concorrência.

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    No frontal, a grade é fechada e confere um ar elegante e futurista ao SUV, em grande parte devido à combinação de LED, que foi executada de forma eficiente, e se encaixa melhor na proposta do carro. Isso não é tão bem feito no VW Taos, por exemplo. O mesmo se aplica à parte traseira, que também apresenta uma faixa de LED, mas sem exageros.

    O design do EQA é mais angular, mas isso não afetou o coeficiente aerodinâmico, que é um excelente 0,28cx.

    No interior, há muita sofisticação. O uso do toque suave não é exagerado e há uma boa combinação com outros materiais, como plástico vinílico, aço escovado e até camurça nas portas e nos bancos. As costuras são visíveis e pintadas de vermelho, conferindo uma certa ousadia, por assim dizer.

    Concorrentes

    Sendo um SUV compacto, o Mercedes-Benz EQA enfrenta diversos modelos no mercado de veículos elétricos, em diferentes faixas de preço. Podemos mencionar, por exemplo, o Chevy Bolt EUV, o Peugeot e-2008 GT e o BYD Yuan Plus, além dos tradicionais Volvo XC40 e C40, e também o BMW iX1.

    Os preços variam de R$ 159 mil a R$ 420 mil.

    Mercedes-Benz EQA 250: Vale a pena adquirir o SUV elétrico?

    O grande problema do Mercedes-Benz EQA 250 não está no que ele oferece, mas sim no que ele custa. Se pelo menos fosse R$ 100 mil mais acessível, poderia estar entre os carros elétricos mais competitivos do mercado.

    O motor é bom, sem dúvida, mas fica aquém em comparação com concorrentes de preço semelhante no mercado. A autonomia compensa, mas quem adquire esse tipo de produto deseja um pouco mais de desempenho. Claro, o luxo e a tecnologia podem ser trunfos, mas uma mudança no trem de força é mais do que bem-vinda.

    Se estiver disposto a desembolsar R$ 480.900 pelo Mercedes-Benz EQA 250 e relevar sua potência apenas satisfatória, valerá a pena.

    No Canaltech, o Mercedes-Benz EQA 250 foi testado graças a uma unidade gentilmente cedida pela Mercedes-Benz Cars & Vans Brasil.

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