Presente em remédios para tratamento do diabetes tipo 2 (Ozempic e Rybelsus) e controle de peso (Wegovy), o composto ativo semaglutida parece ter uma função até então desconhecida, de acordo com cientistas da Universidade Estadual de Oklahoma, nos EUA. Os pesquisadores observaram que o medicamento auxilia as pessoas a diminuírem o consumo de álcool em um estudo de pequena escala.
As primeiras evidências do uso da semaglutida para apoiar pacientes com algum grau de transtorno do uso de álcool (AUD) foram publicadas na revista The Journal of Clinical Psychiatry. No entanto, a pesquisa ainda está longe de ser conclusiva e a questão precisa ser mais investigada.
Semaglutida e alcoolismo
No estudo norte-americano, os pesquisadores acompanharam seis pacientes que utilizaram semaglutida para perder peso. De forma interessante, a equipe descobriu que todos os voluntários experimentaram uma melhora na maneira como lidam com as bebidas alcoólicas e o alcoolismo.
Foi utilizado o teste de Identificação de Transtornos s ao Uso de Álcool (AUDIT), desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com o objetivo de avaliar a relação dessas pessoas com o álcool.
Através de perguntas e respostas, como a frequência de consumo de bebidas alcoólicas e a quantidade de álcool ingerida de uma vez, é possível ter uma noção da relação do indivíduo com esse problema de saúde pública, permitindo identificar possíveis casos de alcoolismo.
Neste estudo, os seis participantes obtiveram uma pontuação superior a 8, indicando que têm pelo menos um consumo perigoso ou prejudicial de álcool para a saúde. Uma pontuação acima de 15 é considerada um forte indicativo de dependência. Após o tratamento, todos apresentaram uma “redução significativa” na pontuação, de acordo com a equipe.
Hipóteses da descoberta
A semaglutida é classificada como um agonista do receptor de GLP-1 e, dentro do organismo, também tende a gerar uma sensação de saciedade, o que é altamente benéfico para pessoas que buscam controlar o peso e está relacionado ao controle do desejo. Paralelamente, existem alguns relatos informais de que medicamentos desse tipo auxiliam no controle de diferentes tipos de vícios, incluindo o alcoolismo.
No entanto, o estudo atual é muito limitado e não indica quais mecanismos estão por trás desse aparente novo efeito do composto ativo, além dos inúmeros efeitos adversos já conhecidos. Sendo assim, os autores afirmam que “são necessários estudos clínicos adicionais, randomizados e controlados por placebo, para avaliar completamente a eficácia da semaglutida no tratamento do AUD”.
Fonte: The Journal of Clinical Psychiatry e OSU
