Soja cotada a 12 dólares o bushel está acima da média, não abaixo, frisou o especialista da empresa de consultoria Safras & Mercado, Paulo Molinari. De acordo com ele, a expectativa é de que os preços diminuam ainda mais, chegando a 10 dólares nos próximos meses.
A declaração foi feita durante a 8ª edição do Fórum Soja Brasil Cotricampo, realizada nesta quarta-feira (21), em Campo Novo, Rio Grande do Sul, no auditório da ExpoAgro Cotricampo.
Políticas agrícolas, mercado da soja e clima foram os temas abordados no evento, que também contou com a participação do secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura (Mapa), Neri Geller; do comentarista de Economia do Canal Rural, Miguel Daoud; e do diretor de Conteúdo da emissora, Giovani Ferreira.
Abundante estoque de soja
Molinari destacou que o 100º Agricultural Outlook Fórum, fórum global da agricultura realizado no estado da Virgínia, nos Estados Unidos, em 15 de fevereiro, indicou que os norte-americanos planejam expandir a área de plantio de soja em quase 5% na próxima safra, o que resultará em ampla oferta global.
“Se o Brasil colher 152 ou 145 milhões de toneladas nesta safra, nada muda em termos de preço. Somente a partir de julho ou agosto, com a evolução do mercado climático nos Estados Unidos, poderá haver alguma alteração caso haja ameaça de redução na produção norte-americana”.
O analista ressaltou que até julho deste ano, não há possibilidade de escassez de soja no mundo, visto que os estoques globais estão folgados. “O fenômeno La Niña, que tem mais de 60% de chances de se consolidar, pode ocasionar perdas na safra nas regiões oeste do Médio-Oeste dos Estados Unidos, provocando aumento nos preços”, pondera.
Financiamento em tempos de crise
No evento, o secretário do Mapa, Neri Geller, enfatizou que uma linha de crédito em moeda estrangeira deve ser lançada até a primeira semana de março pelo ministério com o propósito de auxiliar o produtor rural no pagamento do custeio. Estima-se que o recurso fique entre US$ 4 bilhões e US$ 5 bilhões.
Geller, que é produtor de soja, mencionou que sentiu as perdas produtivas enfrentadas pelos agricultores gaúchos nas últimas safras. Sua propriedade em Lucas do Rio Verde, Mato Grosso, teve uma redução de 45% na produtividade em comparação com a safra 2022/23.
“Na safra 22/23, encerrei minha propriedade com média de 69 sacas de soja por hectare, mas neste ciclo a média chegou a apenas 37,8 sacas. No estágio vegetativo a soja estava muito promissora, mas sofreu com 30 dias de seca que praticamente aniquilaram minha produção”, relatou.
Segundo ele, ocorridos como esse reforçam a importância de o produtor planejar adequadamente suas finanças. “Não podemos plantar antes de calcular o custo de produção, qual será a taxa de juros do custeio, ou seja, fazer os cálculos e recorrer ao mercado futuro”.
Assista à cobertura completa do evento no vídeo abaixo:
