O chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky, pronunciou-se publicamente pela primeira vez nesta segunda-feira (07) contra a possibilidade de concretizar as eleições planejadas para o próximo ano no país, enquanto o conflito com a Rússia continuar.
“Acredito que este não seja o momento adequado para realizar as eleições”, afirmou Zelensky, cujo período presidencial termina em 31 de março de 2024.
Em seu discurso para a nação nesta segunda-feira, o presidente ucraniano solicitou que se evite “tudo o que é divisivo do ponto de vista político” e enfatizou a importância de se concentrar na defesa do país e na batalha que determinará o destino da Ucrânia e do seu povo.
Zelensky pediu para que o pessimismo e os conflitos internos sejam evitados, alertando que esses só são do interesse da Rússia.
“Se for necessário pôr fim a essas disputas políticas e continuar trabalhando em unidade, então o Estado possui instituições competentes para finalizar isso e fornecer àsociedade todas as respostas necessárias, de forma a não haver espaço para conflitos e jogos contra a Ucrânia”, declarou o presidente.
As declarações de Zelensky ocorreram alguns dias após o seu ex-assessor, Oleksiy Arestovych, pedir que as eleições não fossem adiadas e anunciar a sua intenção de concorrer à presidência do país.
Arestovych tem criticado veementemente o governo de Zelensky nos últimos meses e alega ter sofrido pressões e ameaças como resultado disso.
No seu discurso, o presidente ucraniano descreveu como “totalmente irresponsável e frívolo iniciar um debate público sobre a realização das eleições em tempos de guerra”.
Além disso, o estabelecimento militar e de segurança ucraniano já havia alertado sobre a dificuldade de garantir a segurança no dia da votação, no meio da guerra, e de proporcionar a todos os soldados, refugiados e deslocados internos a oportunidade de votar.
As palavras de Zelensky a favor do adiamento das eleições, conforme previsto pela lei marcial em vigor desde o início do conflito no país, são pronunciadas após o comandante do exército ucraniano, Valery Zaluzhny, admitir pela primeira vez erros na estratégia militar adotada e o impasse no front de batalha.