A empreendedora Karim Miskulin, que organiza neste momento encontro em Londres com magistrados do Supremo Tribunal Federal (STF), integrantes do governo Lula e autoridades da alta sociedade de Brasília, já expressou publicamente descontentamento com julgamentos da Corte que, de acordo com ela, representam a “democracia do decreto: um conjunto de poucas pessoas decidindo sobre temas relevantes sem considerar a vontade popular”.
A expressão, criada por Karim, foi utilizada em um texto que ela publicou em dezembro do ano passado, após a determinação do STF que possibilitou a cobrança de indenização por danos morais de veículos de imprensa por declarações de indivíduos que ofendessem outros em uma entrevista. A empreendedora ressaltou, no texto, que a ideia partiu do ministro Alexandre de Moraes, famoso pelas ordens de censura contra críticos do tribunal.
“É uma forma de silenciamento que pode resultar em autocensura por parte dos jornais e, consequentemente, restringir o acesso da população à informação. Transformar o jornalismo em uma atividade de risco é antidemocrático, algo atribuído a regimes autoritários e totalitários, e não a uma democracia liberal […] O totalitarismo começa assim, gradativamente, minando direitos, engolindo aos poucos o que somos. Está na lei, na política, nas instituições. E, agora, na imprensa! Não podemos permitir que alguém em trajes de judicatura assine nossa liberdade. Não podemos tolerar que nenhum poder ameace a liberdade de imprensa”, escreveu Karim, em texto publicado na plataforma social Linkedin.
O “1º Fórum Jurídico – Brasil Ideias”, em Londres, é promovido pelo Grupo Voto, corporação fundada por Karim há 20 anos em São Paulo, com atuação também em Brasília, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, na área de relações públicas e governamentais. Conforme sua página no Linkedin, “atua na ligação entre o setor público do privado por meio de relacionamento, comunicação e conexões de influência na construção de uma nova cultura política e empresarial”. O Voto já organizou eventos com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro, em abril de 2022.
O encontro na capital inglesa é de caráter privado e fechado para a imprensa. Presentes, além de Moraes, os magistrados Dias Toffoli e Gilmar Mendes, do STF, e Luís Felipe Salomão, que é vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Do governo, participam o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski; o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira; o advogado-geral da União, Jorge Messias; e o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, e o ex-presidente Michel Temer (MDB) também marcam presença.
